terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A arte do Origami - Envelope coração

Envelope Coração

Aqui no Brasil comemoramos o Dia dos Namorados em 12 de Junho, mas em outros países ele é celebrado no dia 14 de Fevereiro. Porque não mandar uma mensagem de amor para a pessoa amada neste dia? Fica aqui a dica, que eu achei aqui, de como fazer um envelope coração de Origami. É uma bela maneira de dizer “Eu te amo”.
Escolha um papel com uma face branca e outra vermelha. Com um papel de 21 X 21 centímetros você conseguirá um envelope medindo 15 X 10 centímetros.
1 – Coloque o papel a sua frente na posição quadrado com a face colorida para cima.
2 - Dobre o papel na diagonal, levando a ponta superior direita até a ponta inferior esquerda. Desdobre. Repita a operação com as outras duas pontas. Desdobre. Você terá um X vincado no papel.
3- Leve as quatro pontas do papel até o centro como na figura acima.
4 – Gire o trabalho e coloque-o novamente, a sua frente, na posição quadrado. Desdobre a parte superior e a inferior como na figura acima.
5 – Leve a ponta inferior até a lateral superior do quadrado. Vinque bem.
6 – Traga a ponta que você levou para cima até a base inferior do trabalho. Note que foi formado um triângulo colorido na parte inferior do trabalho.
7 – Traga a ponta superior do trabalho até a base como na figura acima.
8 – Leve a ponta que você acabou de dobrar para cima ajustando para que a base do triângulo que está sendo formado fique nivelada com o triângulo já existente. Observe que a ponta do triângulo superior ultrapassa a parte superior do trabalho. Você tem agora um losango com a parte colorida.
9 – Para formar o coração basta você trazer a ponta do triângulo superior até a junção dos dois triângulos como na figura acima. Para um melhor acabamento, coloque um pinguinho de cola na ponta do triângulo colorido da parte inferior e na do triângulo branco da parte superior. Está pronto seu envelope de coração.

Fechamento do envelope com fita

10 – Você pode colocar um papel com a mensagem dentro do envelope ou escrevê-la na parte interna do mesmo.
Para fechá-lo de forma romântica, use um pequeno pedaço de fita. Faça então dois pequenos furos: um na ponta do triângulo branco e outro na parte superior do triângulo colorido. Dobre a fita ao meio e passe pelo furo do triângulo colorido. Agora levante a parte superior do envelope e passe a fita dobrada pelo furo.
11- Volte a dobrar a parte superior do envelope. Veja que ficou uma pequena argola nesta parte.
12 - Passe por ela as duas pontas da fita. Com cuidado, ajuste a fita apertando o laço e envie sua mensagem de amor.

Comercial legal - AACD

Pátria Minas - Mineiro

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Minas são muitas - Campanha

“Minas são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.” (Guimarães Rosa)

Campanha

(Igreja Matriz de Santo Antônio - Foto do Márcio)

Região: Sul
Padroeiro: Santo Antônio de Lisboa
Festa do Padroeiro: 13 de Junho

Localização


História

Campanha é a cidade mais antiga do Sul das Minas Gerais. É considerada “O Berço da Cultura Sul Mineira” ou “Cidade Mãe do Sul de Minas” por diversos e relevantes motivos históricos e culturais, a saber: foi o primeiro “Arraial”, a primeira “Freguesia”, a primeira “Villa” e já era cidade em 1840.
O ouvidor Cipriano José da Rocha, saindo de São João Del Rei a 23 de setembro chegou ao arraial da Campanha no dia 2 de outubro de 1737 e, entusiasmado com a fertilidade do seu solo e com as riquezas das minas de ouro encontradas, deu ao povoado o nome de São Cipriano.
No setor econômico, com o descobrimento das minas de ouro, Campanha conheceu a opulência e a riqueza. Quando do descoberto da povoação já ali trabalhavam 7000 escravos, daí seguiram-se fábricas de sino, de cerveja, de vinho, de pregos, de chapéus e representações de grandes indústrias notadamente da Inglaterra (engenhos, tecidos, arados, panelas, etc.) com hegemonia total sobre toda a região. Praticamente tudo que se comercializava no Sul de Minas era proveniente de Campanha.
Campanha desde o século VIII esteve presente em fatos históricos do Brasil e de Minas. Dentre eles, teve participação no episódio da Conjuração Mineira. Dr. Inácio de Alvarenga Peixoto, um dos conspiradores, viveu em Campanha, onde possuía inúmeras fazendas e era um dos homens mais ricos de Minas, no seu tempo. O esgotamento das minas, alegado por aqueles que se esquivavam ao pagamento de seu débito para com o fisco, já na segunda metade do século XVIII, acentuava-se cada vez mais, prenunciando o fim de uma era de grandeza.
Passado o ciclo de grandes atividades desenvolvidas em torno das minas, sofreram natural estagnação ou decadência, todos os rincões de Minas Gerais onde predominavam os interesses ligados à mineração. Campanha, entretanto, manteve-se por muito tempo como centro de industrialização e cultura de toda a região Sul Mineira.
Pioneira da instrução, em razão mesmo de sua antiguidade, sempre gozou de merecido renome, pela notável contribuição que deu à causa do ensino desde os primórdios de sua formação histórica.
O nome da atual cidade - Campanha - se deve à topografia, pois a cidade se encontra localizada numa colina circundada por extensas campinas.

Datas Históricas

1752 – Criado o distrito Santo Antônio do Vale da Campanha do Rio Verde.
1798 - Elevada à categoria de vila com a denominação de Campanha da Princesa da Beira e desmembrada de São João Del.
1840 - Elevada à condição de cidade, com a denominação de Campanha.

O município

Campanha é um município de estado de Minas Gerais. De acordo com o censo de 2010, sua população era de 15.433 habitantes. O município ocupa uma área de 335,58 Km².
Porta de entrada para o Circuito das Águas, Campanha atrai os visitantes. Devido ao seu potencial turístico e à preservação de edifícios de considerável valor histórico, como aqueles onde residiu Bárbara Heliodora e nasceu Vital Brasil, a cidade representa uma parcela importante da riqueza cultural do Estado.
As principais atividades econômicas do município são: a agropecuária, com maior destaque para as culturas de café, milho, feijão, cítricos, batata e gado leiteiro; laticínios e metalúrgica, além da fabricação de gaiolas e acessórios para pássaros.
Entre as atrações, está o Museu Regional do Sul de Minas. Também se destaca pelo artesanato e seus tapetes são famosos sua por qualidade e beleza.
(Fontes: IBGE, http://www.camaracampanha.mg.gov.br)

Blog: Faltam 789 municípios.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Ninguém vive sem um pouco de poesia - Elisa Lucinda

Som na caixa!


A tarde cai com maestria e brilha.
Tenho vontade de cantar a ponto de estourar!
Meus erros se dissolvem, os problemas se constrangem
diante do belo fogo amarelo pintando a barra do dia.
Deslumbrante modo este do sol se pôr.
Quem pode com a beleza da vida, meu pai?
Quem pode duvidar do milagre da transitoriedade?
Tudo isso, as flores, esta brisa, os bilhetes de amor,
os lençóis marcados de beijos , os rouxinóis e eu , tudo passará!
Menos essa vida que pulsa e é sempre outra
e que se põe em presença de todos os viventes a cada tempo.
Que se mostra nua, crua, bela , poderosa, senhora flutuante entre os ventos.

Desço a rua ladeira onde teço meus dias,
onde vive minha casa branca,
porto seguro de minha alma com olhos acostumados a reparar.
Acabada de se banhar, a mesma alma, cheirando à colônia dama da tarde,
quase dança dentro do vestido florido de mulher e de menina.
Azul o céu para onde vou e é azul também o que deixo atrás das colinas.
Todos os óbvios são mistérios: da sensação de batismo que dá um cabelo molhado e limpo roçando a nuca da gente, até os comoventes coloridos celofanes que envolvem os docinhos confeitados das festas de criança.
Tudo é enigmaticamente simples. Todo presente vira logo lembrança.
O parentesco entre as coisas é tão natural que parece que todo mundo entende o motivo pelo qual as pipas são primas das bandeirinhas de São João .
É um prazer saber. Nem sei se eu sei não.
Mas me excita viver!

Izidoro pintando a varanda, faz cheiro de Natal vir das paredes.
Varanda, ô palavra ensolarada!
Todo ano meu pai pintava nossa casa em dezembro.
Eu sigo a tradição só pra sentir a bagunça gostosa que a memória olfativa das
cores apronta em meu coração.
Não trago novidades.
Sou apenas vítima da claridade de uma estação.
Minha voz quer sair do peito para se juntar ao grande coro e com razão:
Louvando a intensidade de cada instante
as cigarras sempre cantam no verão.
(Elisa Lucinda)

Pátria Minas - Terra da paz

Na vitrola aqui de casa - O amor quando acontece

Gostei...

Amélia e Edson
(28/01/1953 - 28/01/2012)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Dica de onde ir - Exposição com "Menina Afegã"

Para vocês que moram em Sampa. Para mim só resta torcer para que chegue também aqui em BH.

Exposição com "Menina Afegã"

A exposição "Alma Revelada" fica em cartaz até este domingo (29), no Instituto Tomie Ohtake (zona oeste de São Paulo), com entrada gratuita.
A mostra traz cerca de cem imagens feitas pelo fotógrafo norte-americano Steve McCurry, entre as quais está a imagem da "Menina Afegã", capa da "National Geographic", em 1985. Depois de 17 anos, a garota afegã posou novamente para as lentes de McCurry.
Também faz parte do acerco fotos de cenário de guerra e os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA.
O artista é especialista em extrair beleza e cores profundas de ambientes conflituosos. Na mostra, há séries marcantes feitas em países como Nigéria, Paquistão e Índia.
Steve McCurry/Associated Press/National Geographic Society

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

De onde vem? - Dar com os burros n´água

Dar com os burros n´água
A expressão tem o sentido de fracassar, frustrar as expectativas, encontrar um obstáculo intransponível. Quando falamos que alguém “deu com os burros n´água” queremos dizer que a pessoa foi malsucedida, "se deu mal", não conseguiu realizar algum plano, estava pensando ou querendo algo, mas aconteceu de outra forma.
De acordo com o professor Ari Riboldi, em seu livro O Bode Expiatório, a expressão tem origem na moral de um conto popular, divulgado oralmente pelo interior do Brasil, que relata uma disputa entre dois tropeiros. Conta-se que dois tropeiros teriam que transportar uma carga até um determinado lugar, onde estaria a pessoa que pagaria um prêmio ao que primeiro chegasse ao destino com a sua carga. Eles não conheciam o caminho, mas tiveram o direito de escolher sua carga tentando tornar a viagem mais fácil. O primeiro escolheu uma carga de algodão, porque era mais leve e o segundo escolheu uma carga de sal.
Só que no meio do caminho havia um rio e ao tentarem atravessá-lo, ambos perderam as cargas. O sal dissolveu-se e o algodão ficou encharcado e eles não conseguiram chegar ao lugar marcado carregando a carga. Assim, ninguém ganhou o prêmio.
Por conta disso, quando alguém é malsucedido em seus objetivos, usa-se a expressão "dar com os burros n'água".
Existem outras variantes, em que apenas um dos tropeiros dá com os burros n’água, enquanto o outro consegue passar com a carga e receber o prêmio.
Há também, segundo Rainer Souza, outra explicação para a expressão “dar com os burros n´água”. No século XVIII, a procura de ouro foi responsável pelo aparecimento de vários centros urbanos no interior da colônia. Todos os víveres necessários aos seus habitantes tinham que vir de outras localidades com a economia mais diversificada.
Para atravessar o sertão brasileiro com essas mercadorias, os tropeiros utilizaram o lombo de burros e mulas. Apesar de bastante lucrativa, a atividade era repleta de desafios e riscos. Os animais de carga eram obrigados a atravessar terrenos alagados e muitos acabavam morrendo afogados. Além de perder o animal, os viajantes também ficavam sem as mercadorias. Daí surgiu o termo “dar com os burros n´água” que passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue obter sucesso.
(Fonte: Texto baseado em informações da Internet)

Santa Rita é notícia - Governo de Minas e Anovati assinam protocolo para instalação de unidade industrial em Santa Rita do Sapucaí

Governo de Minas e Anovati assinam protocolo para instalação de unidade industrial em Santa Rita do Sapucaí

Vale da Eletrônica receberá uma unidade industrial gerando vagas de emprego.
A empresa Anovati Indústria e Comércio, Importação Exportação de Equipamentos de Informática Ltda. anunciou, nesta terça-feira (24), investimentos de R$ 5,3 milhões no município de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas. O protocolo de intenção foi assinado pelo Governo de Minas, por meio do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede).
Para reforçar o setor de informática e tecnologia, o Vale da Eletrônica do Sul de Minas receberá uma unidade industrial do Grupo Anovati, que será responsável pela geração de 25 empregos diretos e 50 indiretos. A empresa, fabricante de produtos eletrônicos e com atuação no mercado de informática, principalmente como distribuidora de mochila e maletas para notebooks, investirá R$ 5,3 milhões no novo empreendimento.
Segundo o diretor do Grupo, Kenneth Alexander Orozco, “essa nova unidade será destinada à fabricação e comercialização de produtos eletroeletrônicos, tais como alto falantes, caixas de som e mp3”, explica. A previsão é que o funcionamento da nova unidade, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, seja iniciado em fevereiro deste ano.
O Grupo Anovati é uma corporação voltada para os segmentos de informática e tecnologia e composto pelas empresas Annova Serviços e Negócios Ltda. e Bellatrix Indústria, Comércio, Importação e Exportação Ltda.
(Fonte: Agencia Minas em 24/01/2012)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Mario Benedetti

Currículo


A história é muito simples
você nasce
contempla atribulado
o vermelho azul do céu
o pássaro que emigra
o primitivo besouro
que seu sapato esmagará
valente

você sofre
reclama por comida
e por costume
por obrigação
chora limpo de culpas
extenuado
até que o sono o desmorone

você ama
se transfigura e ama
por uma eternidade tão provisória
que até o orgulho se torna terno
e o coração profético
se converte em escombros

você aprende
e usa o aprendido
para tornar-se lentamente sábio
para saber que no fim o mundo é isto
em seu melhor momento uma nostalgia
em seu pior momento um desamparo
e sempre sempre
uma confusão

então
você morre.
(Mario Benedetti)

Na vitrola aqui de casa - Anos Dourados

Na vitrola aqui de casa - São Paulo, São Paulo

São Paulo - 458 anos

Fragmentos - "A trégua"

“Sei que, quando vemos as coisas de fora, quando não nos sentimos envolvidos nelas, é muito fácil proclamar o que é mau e o que é bom. Mas, quando estamos metidos no problema até o pescoço (e eu estive assim muitas vezes), as coisas mudam, a intensidade é outra, aparecem profundas convicções, inevitáveis sacrifícios e renúncias que podem parecer inexplicáveis para quem apenas observa.” (Mário Benedetti em “A trégua”)

Persona - Tom Jobim

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Tom Jobim) - (Rio de Janeiro, 25 de Janeiro de 1927 – Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1994)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ôncofui - Serra do Cipó

Hoje o “Ôncofui” é com explicação!
Tenho trabalhado muito, postado pouco. Passeando um diazinho para namorar, curtir a família e repor as energias, me deparei com esta maravilha. Aranhas teceram várias linhas ligando uma árvore à outra da estrada. Por estes caminhos transitam por todo lado, parando de vez em quando e colocando as prosas em dia.
Ficou parecendo partitura de uma música. Coisa para ficar admirando por muito tempo...

Zenzando na rede - Família

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Fragmentos - crônica “Baile de Máscaras”

“Que a vida é em parte um baile de máscaras com as quais nos seduzimos uns aos outros, e nos enganamos diante do espelho, é sabido. O perigo reside na hora em que a última das máscaras cair, e tivermos de ver, nos grandes espelhos, um rosto preso ao nosso corpo, mas que parece não ter nada a ver conosco.” (Lya Luft na crônica “Baile de Máscaras”)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Gostei... - Naufragar é preciso?

Naufragar é preciso?

Acontece que a língua não se muda por decreto; ela é a decorrência de uma evolução cultural
Começa a ser penoso para mim ler a imprensa portuguesa. Não falo da qualidade dos textos. Falo da ortografia deles. Que português é esse? Quem tomou de assalto a língua portuguesa (de Portugal) e a transformou numa versão abastardada da língua portuguesa (do Brasil)?
A sensação que tenho é que estive em coma profundo durante meses, ou anos. E, quando acordei, habitava já um planeta novo, onde as regras ortográficas que aprendi na escola foram destroçadas por vândalos extraterrestres que decidiram unilateralmente como devem escrever os portugueses.
Eis o Acordo Ortográfico, plenamente em vigor. Não aderi a ele: nesta Folha, entendo que a ortografia deve obedecer aos critérios do Brasil. Sou um convidado da casa e nenhum convidado começa a dar ordens aos seus anfitriões sobre o lugar das pratas e a moldura dos quadros. Questão de educação.
Em Portugal é outra história. E não deixa de ser hilariante a quantidade de articulistas que, no final dos seus textos, fazem uma declaração de princípios: “Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia”.
A esquizofrenia é total, e os jornais são hoje mantas de retalhos.
Há notícias, entrevistas ou reportagens escritas de acordo com as novas regras. As crônicas e os textos de opinião, na sua maioria, seguem as regras antigas. E depois existem zonas cinzentas, onde já ninguém sabe como escrever e mistura tudo: a nova ortografia com a velha e até, em certos casos, uma ortografia imaginária.
A intenção dos pais do Acordo Ortográfico era unificar a língua. Resultado: é o desacordo total com todo mundo a disparar para todos os lados. Como foi isso possível?
Foi possível por uma mistura de arrogância e analfabetismo. O Acordo Ortográfico começa como um típico produto da mentalidade racionalista, que sempre acreditou no poder de um decreto para alterar uma experiência histórica particular.
Acontece que a língua não se muda por decreto; ela é a decorrência de uma evolução cultural que confere aos seus falantes uma identidade própria e, mais importante, reconhecível para terceiros.
Respeito a grafia brasileira e a forma como o Brasil apagou as consoantes mudas de certas palavras (“ação”, “ótimo” etc.). E respeito porque gosto de as ler assim: quando encontro essas palavras, sinto o prazer cosmopolita de saber que a língua portuguesa navegou pelo Atlântico até chegar ao outro lado do mundo, onde vestiu bermuda e se apaixonou pela garota de Ipanema.
Não respeito quem me obriga a apagar essas consoantes porque acredita que a ortografia deve ser uma mera transcrição fonética. Isso não é apenas teoricamente discutível; é, sobretudo, uma aberração prática.
Tal como escrevi várias vezes, citando o poeta português Vasco Graça Moura, que tem estudado atentamente o problema, as consoantes mudas, para os portugueses, são uma pegada etimológica importante. Mas elas transportam também informação fonética, abrindo as vogais que as antecedem. O “c” de “acção” e o “p” de “óptimo” sinalizam uma correta pronúncia.
A unidade da língua não se faz por imposição de acordos ortográficos; faz-se, como muito bem perceberam os hispânicos e os anglo-saxônicos, pela partilha da sua diversidade. E a melhor forma de partilhar uma língua passa pela sua literatura.
Não conheço nenhum brasileiro alfabetizado que sinta “desconforto” ao ler Fernando Pessoa na ortografia portuguesa. E também não conheço nenhum português alfabetizado que sinta “desconforto” ao ler Nelson Rodrigues na ortografia brasileira.
Infelizmente, conheço vários brasileiros e vários portugueses alfabetizados que sentem “desconforto” por não poderem comprar, em São Paulo ou em Lisboa, as edições correntes da literatura dos dois países a preços civilizados.
Aliás, se dúvidas houvesse sobre a falta de inteligência estratégica que persiste dos dois lados do Atlântico, onde não existe um mercado livreiro comum, bastaria citar o encerramento anunciado da livraria Camões, no Rio, que durante anos vendeu livros portugueses a leitores brasileiros.
De que servem acordos ortográficos delirantes e autoritários quando a língua naufraga sempre no meio do oceano?
(Fonte: João Pereira Coutinho – Tribuna da Bahia em 16/01/2012)

Zenzando na rede

Fragmentos - “A fruteira que fica no fim do ano”

“As cicatrizes não são provas de quanto se sofreu nesta vida, relógios de bolso a clamar piedosa pontualidade: "quando aconteceu isso?"
Ao contrário, vejo na cicatriz a marca de que me sarei. De como a pele milagrosamente se regenera e me protege. Ela não atesta meu sofrimento, indica que posso me recuperar com a facilidade que sangrei.
Dores velhas contam maldades pelas costas. Não dê ouvido. Dores novas gostam de insinuações. Não dê corda. A dor não tem pescoço e vai pedir o seu.
Abro uma confidência: de tanto mexer nas minhas feridas, elas só infeccionaram.
Não faço mais turismo em minhas dores. Nem convido outros a sofrer de novo comigo, como se fosse uma espécie de justiça o outro penar o mesmo que eu.
Tristeza guardada não cheira bem, raiz rançosa, como roupa guardada, como comida guardada, como amor guardado. Não me peça para chorar duas vezes. Em mim, há mais boca para nadar do que olhos.
É virada do ano.” (Fabrício Carpinejar em “A fruteira que fica no fim do ano”)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ninguém vive sem um pouco de poesia - Mário Quintana

Remissão


Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia
perdoado para sempre não sei de que...
(Mário Quintana)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Zenzando na rede

Gostei... - Meryl Streep vai viver Clarice Lispector no cinema

Meryl Streep vai viver Clarice Lispector no cinema, diz jornal

A atriz foi convidada pelo diretor americano Benjamin Moser e já teria aceitado o papel.
Meryl Streep vai interpretar a poeta brasileira Clarice Lispector no cinema, segundo a coluna Gente Boa, do jornal "O Globo".
A atriz teria sido convidada pelo diretor americano Benjamin Moser, autor de "Clarice", uma das biografias da escritora, e já teria aceitado a proposta. Meryl também teria se declarado fã de Lispector.
(Fonte: http://ego.globo.com)

Na vitrola aqui de casa - Diamonds and rust


Blog: Mas nós sabemos o que as memórias podem trazer:
Elas trazem diamantes e ferrugem.

Persona - Joan Baez

Joan Chandos Baez (Staten Island,9 de Janeiro de 1941)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Zenzando na rede

Fragmentos - "Mar de dentro"

"O meu é o reino das palavras: aqui tudo pode ser dito — a cada um cabe inventar os significados, interpretar as charadas, preencher os silêncios.
Este é o lugar do impalpável que a muitos incomoda: são os que fecham meus livros sem ler, sacodem a cabeça — e não entenderão.
Porque eu falo para os da minha raça: os que além de racionais são também ilógicos, os bem estabelecidos que amam o imprevisível, os que na margem concreta enxergam mais do que isso e não têm com quem o partilhar.
Por isso atuam nos palcos ou nos computadores ou nos ateliês, ou simplesmente vagam alertas por sua casa quando os outros ancoraram no sono.
Sentindo-se guerreira ou mendiga, insuficiente ou esplêndida, esta que escreve não sou eu, mas algo que transborda dos meus contornos como o mar transbordava de uma concha naquela mão, na infância dourada.
E minha alma, esse cavalo alado, inocente menina ou feiticeira perversa, fará deste novelo de caos e luz o seu porto de partida, num sopro desenrolando infinitamente o nome que é todos os nomes e é minha alegria: Vidaminhavidaminhavidaminha..."
(Lya Luft em “Mar de dentro”)

Bão dimais - Lombo de porco ao leite com maçãs

Lombo de porco ao leite com maçãs

Ingredientes: 1 lombo médio * 2 litros de leite * 100 gramas de manteiga * 300 gramas de queijo parmesão em cubinhos * 8 maçãs sem casca * gelatina em pó (morango, cereja ou framboesa) * alho * sal * limão
Modo de fazer: Tempere o lombo com alho, sal e limão. Numa panela doure-o bem na manteiga. Despeje o leite até cobri-lo. Tampe a panela, abrindo para virar o lombo de vez em quando. Cozinhe até que fique macio e não seque o leite. Se necessário, junte mais leite. Despeje o queijo sobre o lombo ainda no fogo. Deixe derreter o queijo sobre o lombo e no leite que restou, formando um caldo. Retire do fogo e coloque numa travessa, regando com o caldo. Em outra panela, esquente água suficiente para cobrir as maçãs e dissolva 2 ou mais pacotes de gelatina. Coloque as maçãs com os cabinhos para cima. Tampe a panela e deixe cozinhar até que fiquem macias. Coloque-as em volta do lombo e sirva.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Zenzando na rede

Na vitrola aqui de casa - Esse cara

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Adélia Prado

Orfandade


Meu Deus,
me dá cinco anos.
Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,
me dá um Natal e sua véspera
o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dá a negrinha Fia pra eu brincar,
me dá uma noite pra eu dormir com minha mãe.
Me dá minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dá a mão, me cura de ser grande,
ó meu Deus, meu pai,
meu pai.
(Adélia Prado)

Gostei... - Embriaga-te

Embriaga-te
Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar.
Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te!
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto."
(Charles Baudelaire - Tradução Antônio Pinheiro Guimarães)

Zenzando na rede

Persona - Henfil

Henrique de Sousa Filho (Henfil) (Ribeirão das Neves, 5 de Fevereiro de 1944 – Rio de Janeiro, 4 de Janeiro de 1988)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Gostei... - Mapa

"Roubei" do blog do Noblat.

Mapa

A vida parece acontecer em câmera lenta. Tão lenta que a gente não sente o tempo passar. É estrada sem sinalização que demarque as fronteiras, indique o destino ou preveja onde e quando vamos chegar. Na vida, a primavera e o verão da existência somente são notados quando já pertencem ao passado. O outono chega sem avisar. O Inverno vem sem ser convidado.
A vida resiste à matemática. O ser humano tenta medi-la, mas somente consegue calcular o tempo. Talvez por isso, escolhemos datas aleatórias para comemorar, lembrar, refletir. Para isso servem os aniversários, passagens de ano, feriados e datas comemorativas. É como se tentássemos criar um mapa imaginário que nos permita calcular nossa posição e velocidade.
É curioso que nosso mapa imaginário consiga determinar a velocidade com muita clareza, mas tenha dificuldade em saber a direção para a qual estamos indo.
O mapa da vida diz onde estivemos e com que rapidez se chegou ali, mas não vem com instruções sobre o futuro nem indica os próximos passos.
De fato, medir a velocidade da jornada é mais fácil do que discutir, conhecer e definir seu destino. Conhecer a velocidade requer cálculos baseados em dados já conhecidos: um ponto passado, uma distancia já percorrida e um ponto presente.
Talvez por comodidade, a gente sempre foque mais na velocidade da vida, mas raramente discute seu destino.
O ser humano mede periódica e meticulosamente a velocidade da jornada, mas raramente discute ou mesmo percebe onde ela nos leva. Conhecer e definir a direção para onde vamos requer esforço.
De fato, definir o destino na vida é coisa complicada. O mapa da vida não indica onde podemos ou devemos ir. Isto cabe a cada um de nós. É trabalho duro. Requer discutir valores, posições, objetivos, consequências e sacrifícios.
Não é uma função da matemática. É uma decisão e, como toda decisão, baseada em subjetividade.
Definir o destino é lidar com a incerteza e com os objetivos. Requer conhecer o que somos para definir o que queremos e, a partir dai, para onde vamos.
Curiosamente, é justamente o destino para o qual caminhamos que parece dar sentido à vida. É ele que parece ser o ponto de referencia. É a escolha do destino que determina a direção da jornada. Sem ele, a velocidade é apenas um dado sobre o passado. É inútil ir mais rápido na direção errada.
Escolher sabiamente o destino é fundamental. Afinal, a física nos ensina que a velocidade não mata. O que mata, é a parada súbita.

Elton Simoes mora no Canada há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria).
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