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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Hilda Hislt

Hoje tem 2 em 1. Para ler e ouvir Hilda Hislt.




Canção III

A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?
(Hilda Hilst)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Hilda Hilstr

Para poder morrer


Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.
(Hilda Hilst)

sábado, 1 de maio de 2010

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Hilda Hilst


E por isso me calo

A minha voz é nobre
E mansa se vos falo.
Se me fazeis sofrer
Para não vos magoar
É que me calo.

Nada fere melhor
(mais que a voz desgastada)
Uma voz de marfim.
E se não sendo assim,
Fere a delicadeza
Mais que a vós, a mim.

E por isso me calo.
(Hilda Hilst)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Hilda Hilst


Sonetos que não são

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

(Hilda Hilst)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Hilda Hilst


Dez chamamentos ao amigo I
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
Hilda Hilst nasceu na cidade de Jaú, interior do Estado de São Paulo, no dia 21 de abril de 1930, filha única do fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. Com pouco tempo de vida, seus pais se separaram, o que motivou sua mudança, com a mãe, para a cidade de Santos (SP).
Aconselhada pela mãe, em 1948 inicia seus estudos de Direito na Faculdade do Largo do São Francisco. A partir de então levaria uma vida boêmia que se prolongou até 1963. Moça de rara beleza, Hilda comportava-se de maneira muito avançada, escandalizando a alta sociedade paulista. Despertou paixões em empresários, poetas (inclusive Vinicius de Moraes) e artistas em geral.
Hilda Hilst faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004, na cidade de Campinas (SP).

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