quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dica de diversão - Sax in the beats


Imperdível!!!!

Data: 01/02/2014
Horário: 20:30
Local: Coreto da Praça Santa Rita

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ôncofui - Campanha - MG

Campanha - MG

Gostei... - Ano Novo

Ano Novo

Começar o ano na quarta-feira deveria ser proibido. Infelizmente, na ausência de leis que proíbam o fluxo regular do calendário gregoriano, o primeiro dia do ano cai, de vez em quando, em intervalos regulares e previsíveis, em uma quarta-feira.
Primeiro dia do ano é tempo que deve ser utilizado para o descanso, ao perdão autoconcedido, e ao enfrentamento das consequências dos excessos, ações e acontecimentos do ultimo dia do ano passado. Olhando dessa perspectiva, começar ou não o ano na quarta-feira não faz realmente muita diferença.
A perda se dá realmente nos dias seguintes, quando a vida quotidiana parece acordar e, a todos, arrastar no turbilhão de agitações que engole as horas de todos os dias, a toda hora. Ano que começa em quarta-feira rouba tempo adicional para reflexão e contemplação.
Parece que começos de ano existem para reflexão, reavaliação de ações, revisão de objetivos e tomada de decisões. Nessa época, a gente tende a contemplar o futuro, o passado, os valores, e os significados. É renascer habitando o mesmo corpo.
O ser humano, apesar de se autoproclamar racional, parece jamais desistir de encontrar perguntas cuja existência de respostas seja talvez impossível ou improvável. É assim que se escrevem páginas sobre a existência ou inexistência de Deus, ou se derramam rios de tinta e muito esforço na busca de conexões humanas perfeitas.
Aos que abraçam a ciência com única explicação, e a tudo tentam abordar racionalmente, de fato, muita coisa parece sem sentido, vazia. A ciência explica como, mas ajuda muito pouco a entender por quê. A existência seria simplesmente um acaso pelo qual cada um de nós passa, sem nada de especial.
Talvez seja verdade. Talvez não exista mesmo sentido. Mas se toda esta racionalidade não estivesse eternamente grávida de dúvidas; ou se aqueles que se autoproclamam completamente racionais desfrutassem da completa pureza de suas convicções, cessariam também a sede por conhecer, por saber, por aspirar, por viver.
Nós, entretanto, continuamos. Investimos energia e tempo na busca de sentido e conexões humanas perfeitas. E somos permanentemente desafiados a perguntar se simplesmente falhamos em encontrar as respostas às questões que nos preocupam, ou se essas respostas simplesmente nunca existiram.
Começo de ano é época de desejar o impossível, ou, no mínimo o improvável. É período para renascimento de esperanças. Feito para abrigar os sonhos das conexões humanas perfeitas, e continuar a busca das respostas que tanto precisamos, mas que tardam em chegar.
Que este ano traga tudo isto.
Feliz ano novo!

(Elton Simões)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Ferreira Gullar

Ano Novo 
Meia-noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.

Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça
nada ali indica
que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.

Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta).
(Ferreira Gullar)

Ninguém vive sem um pouco de poesia... - Carlos Drummond de Andrade

Reinauguração
Entre o gasto dezembro e o florido janeiro,
entre a desmistificação e a expectativa,
tornamos a acreditar, a ser bons meninos,
e como bons meninos reclamamos
a graça dos presentes coloridos.

Nessa idade - velho ou moço - pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos
e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza,
a exata beleza que vem dos gestos espontâneos
e do profundo instinto de subsistir
enquanto as coisas em redor se derretem e somem
como nuvens errantes no universo estável.

Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos olhos gulosos
a um sol diferente que nos acorda para os descobrimentos.
Esta é a magia do tempo.
Esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
no acreditar na vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.

Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto do galo de 1º de janeiro
e desenvolve na luz o seu frágil projeto de felicidade.
(Carlos Drummond de Andrade)
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