O poeta gaúcho Mário Quintana também fez uma releitura da Canção do Exílio de Gonçalves Dias. No poema “Uma Canção”, de 1962, não há o exílio físico, mas um olhar crítico em relação a sua terra. É o se sentir exilado na sua própria terra, no lugar “onde?” e no tempo “agora?”. Por não se adaptar nem ao lugar e nem à realidade acaba por negar as palmeiras e os sabiás e, assim, “As aves invisíveis cantam em palmeiras que não há”.
Finalmente constata que se a terra é ingrata também é ingrato o filho, e passa a cantar a Canção do Exílio mesmo estando em seu torrão natal.
Uma Canção
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
(Mário Quintana)
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