No Sul de Minas, exportar é o negócio
340 empresas que exportam de café a produtos eletroeletrônicos e mobilizam a economia na segunda região mais rica do Estado.
A exportação é um grande negócio do Sul de Minas. A região é a segunda maior exportadora do estado e tem aumentado sua participação nas vendas ao exterior graças à uma indústria diversificada e à boa qualidade do café que produz. Em 2010, os embarques somaram US$ 3,8 bilhões, um crescimento de 37,4% em comparação com 2009. Um escrete de 340 empresas mobiliza esse mercado, exportando café e derivados, produtos metalúrgicos, material de transporte e componentes, minérios, eletroeletrônicos e uma variedade de outros produtos. Entre as estrelas desse time está a Cooxupé, cooperativa regional dos cafeicultores de Guaxupé que, sozinha, embarcou US$ 348 milhões no ano passado. "A demanda por café no mercado internacional cresceu muito no último ano", diz Lúcio de Araújo Dias, superintendente comercial da cooperativa.
Toda vez que o mercado do café entra em alta, o Sul de Minas festeja. Afinal, a região concentra 50% da produção mineira de café, ou 25% da produção nacional. Além disso, o solo e o clima de montanha da serra da Mantiqueira contribuem para a produção de cafés especiais, que concorrem com os melhores do mundo e são muito apreciados pelos consumidores da Itália, do Japão e dos Estados Unidos. Em Carmo de Minas, Ralph de Castro, produtor e presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), conta que praticamente todo o grão que sai de lá vai para fora do país. “Só para a italiana Illy, vendemos 10 mil dos 50 mil sacos de café especial que produzimos em 2011."
A produção de cafés especiais tem atraído cada vez mais produtores, pois os preços são recompensadores. Um saco de 60 kg de café comum é vendido a R$ 480 enquanto o especial alcança R$ 600 ou mais -- em Carmo de Minas, um saco de café premiado num concurso da Emater chegou a ser vendido por R$ 8.100.
Alguns produtores miraram o consumidor final e apostam nos cafés gourmets, como fez o Café Unique, que acaba de inaugurar uma cafeteria em São Lourenço, onde serve os cafés cítricos, frutados e blends. Com a industrialização, 50 quilos do produto saem a R$ 9 mil, calculados a partir do número de xícaras. A idéia é estimular o consumo de cafés gourmets pelos turistas. “Desde 2009 oferecemos a eles a rota do café", diz Hélcio Júnior, diretor comercial da Unique Cafés. Só em 2010, São Lourenço recebeu 600 mil turistas. É o segundo maior pólo hoteleiro de Minas.
Na agricultura, ao lado das atividades econômicas tradicionais, o Sul de Minas também trabalha para abrir novas frentes. É o que vem ocorrendo em Maria da Fé, Delfim Moreira e outros 38 municípios, onde produtores investem no cultivo das oliveiras, de olho do promissor mercado do azeite. Nilton Caetano de Oliveira, gerente da Empresa de Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e presidente da Associação dos Olivivultores dos contrafortes da Mantiqueira, conta que em 2005 só existiam 500 plantas na região. Hoje, são 300 mil, plantadas em 600 hectares. “Em 2010 produzimos 2 toneladas de azeite. A expectativa é que em 2015 essa produção seja de 600 mil toneladas.
Segunda região mais rica do estado, dona de um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 12,86 bilhões, correspondente a 14,3% do PIB estadual, o Sul se beneficia de sua localização privilegiada, próxima da região Central do estado e também de São Paulo, o que explica a presença de grandes empresas, como Helibrás, em Itajubá, única fabricante de helicópteros da América do Sul, Philips, Walita e Alstom, e a multiplicidade de pequenas e médias empresas.
O Polo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí (Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre e Varginha), é o principal do estado. São mais de 230 empresas, a maioria de pequeno e médio porte, com faturamento anual de R$ 3 bilhões. Elas produzem equipamentos de telecomunicações, informática, automação industrial e comercial, equipamentos industriais, e prestação de serviços. Empresas como a Qualitronix (fabricante de reatores, relés fotoelétricos e dimmers) são uma amostra de como a proximidade dos grandes mercados consumidores estimula a economia local. “Este ano, nosso faturamento vai crescer 20%”, diz Anicheler Ribeiro Simões Santos, gerente comercial da Qualitronix, que vendeu R$ 6 milhões no ano passado e atribui esse crescimento ao aquecimento da construção civil.
Além de favorecer a indústria, a proximidade com São Paulo representa uma vantagem para o setor do turismo. Localizado no Vale Verde, o município mudou de cara nos últimos cinco anos, período no qual viu sua principal atividade econômica, a agricultura, ser substituída pelo turismo. São 725 leitos, distribuídos por 94 hotéis e pousadas. A cidade tem 30 restaurantes e recebe uma média de 2.500 turistas a cada fim de semana de alta temporada. O crescimento em comparação com 2005 é de 50%. Fernanda Kurebyashi deixou o mercado financeiro paulista e há nove anos mudou-se de mala e cuia para Gonçalves, onde aposta no negócio das geléias com especiarias. "Quando começamos aqui comprávamos um saco de açúcar no supermercado. Hoje, compramos 50 sacos de açúcar orgânico a cada 15 dias. O turismo mudou a realidade aqui."
(Fonte: Zulmira Furbino – Estado de Minas em 19/10/2011)
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