A Brasileira
Em
Lisboa, existe uma cafeteria centenária chamada “A Brasileira”. Em 19 de
Novembro de 1905, A Brasileira abria as suas portas na Rua Garrett, n.º 120-122,
junto ao Largo do Chiado, pondo à venda o "genuíno café do Brasil".
Nesse
dia, quem levasse um quilo - pela quantia de 720 reis - tinha direito a beber
uma chávena (correspondente a nossa xícara de chá) de café de graça.
A
Brasileira do Chiado vendia o café do Brasil, produto muito pouco apreciado ou
até evitado pelas donas de casa lisboetas naquela época. Adriano Telles,
fundador da cafeteria, vivera no Brasil e importava o café sem dificuldades,
bem como outros produtos como goiabada, tapioca, pimentas, chá e farinha.
Três
anos depois, A Brasileira, começou a vender café em chávenas, e o público aumentou
levando à realização de obras de remodelação que deram uma nova cara ao
estabelecimento, decorado com mobiliário de carvalho em estilo Renascença,
talhas douradas e espelhos nas paredes.
As
obras deram um novo aspecto ao café que se tornou num "elegante e luxuoso
salão" e o Chiado passou a contar com um estabelecimento moderno e com
todas as características próprias de um café.
As
paredes estão decoradas com diversas obras de pintores portugueses. Com toda a
importância que teve na vida cultural do país, A Brasileira do Chiado mantém
uma identidade muito própria, quer pela sua decoração, quer pela simbologia que
representa por se encontrar ligada a círculos de intelectuais, escritores e
artistas de renome.
A
assiduidade de Fernando Pessoa motivou a inauguração, nos anos 80, da estátua
em bronze da autoria de Lagoa Henriques, que representa o escritor sentado
à mesa em frente à cafeteria. Um dos percursos habituais do poeta era entre a
sua casa e o Largo do Chiado, rumo ao local de encontro habitual de poetas e
pensadores portugueses.
Conta
uma das biógrafas de Cecília Meireles que, numa de suas viagens a Portugal ela
marcou um encontro com o poeta Fernando Pessoa no café. Sentou-se ao meio-dia e
esperou em vão até duas horas da tarde. Decepcionada, voltou para o hotel, onde
recebeu um livro autografado pelo autor lusitano. Junto com o exemplar, a
explicação para o "furo": Fernando Pessoa tinha lido seu horóscopo
pela manhã e concluído que não era um bom dia para o encontro.
Que
pena!!! Certamente teria sido um encontro poético fantástico.
"A Brasileira" ainda é um ex-libris da cidade lisboeta.
ResponderExcluirEsse episódio da Cecília Meireles não onhecia, fico-lhe grato.
Beijo :)
Oi, AC. Esse episódio com a Cecília é lenda ou verdade? Também não sei, mas conta-se por aqui. Veja neste link http://www.amalgama.blog.br/02/2010/fernando-cecilia/. Se os dois tivessem se conhecido provavelmente teriam se encantado um com o outro. Ambos têm muitas semelhanças, na melancolia, na introspecção, etc. Seria um encontro e tanto!!! Beijos.
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