Mercado promissor para quem se forma em escolas de
eletrônica no Vale do Silício brasileiro
A pequena
cidade de Santa Rita de Sapucaí (MG) exporta tecnologia brasileira, gera
9,6 mil empregos e produz 14 mil itens de produtos. Com suas ideias e projetos,
ex-alunos abrem novas indústrias e são exemplos de inovação e empreendedorismo.
Ao se
formar, em 1971, na ETE FMC - Escola Técnica de Eletrônica Francisco
Moreira da Costa, em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, Marcos
Goulart Vilela não tinha ideia de como sua carreira seria promissora. Começou
como professor na própria escola, formou-se em engenharia elétrica no Instituto
Nacional de Telecomunicações - Inatel (também na região) e trabalhou por mais
de 10 anos em São Paulo. Hoje, aos 60, tem, em Santa Rita do Sapucaí, sua
própria empresa, a Leucotron Telecom, de PABX e Telefonia Voip, que emprega 180
pessoas – 30 são ex-alunos da ETE FMC.
Vilela é
apenas um dos inúmeros exemplos de alunos formados na ETE FMC que seguiram uma
carreira profissional e empresarial brilhante. Fundada em 1959, a ETE FMC, da
Rede Jesuíta de Educação, foi a primeira Escola Técnica de Eletrônica da
América Latina e a sétima do mundo, que tem atraído estudantes de todo o País.
Foi uma das principais responsáveis pela transformação de Santa Rita do
Sapucaí, pequena cidade mineira que vivia do leite e do café, em um dos mais
importantes polos tecnológicos do Brasil. Hoje, com 38 mil habitantes, a
cidade é reconhecida em todo o mundo pelo desenvolvimento e produção de
eletroeletrônicos, exportados para vários países. É a cidade da inovação e do
empreendedorismo.
Considerada
o Vale do Silício brasileiro (referência ao Sillicon
Valley, polo tecnológico no norte da Califórnia), Santa Rita do Sapucaí tem 142
empresas nas áreas de eletrônica, software, telecomunicações e internet,
entre outras, que empregam cerca de 9,6 mil pessoas na produção de cerca de 14
mil itens de produtos (cerca de 10% é exportado) e respondem por um faturamento
de R$ 1,9 bilhão anual.
A empresa
pioneira da região, a Linear Equipamentos Eletrônicos, que desenvolveu o
primeiro transmissor digital de TV brasileiro, foi criada em 1977 por
quatro ex-alunos da ETE FMC, Carlos Fructuoso, Elias José Vaz Calil, José de
Souza Lima e Robinson Gaudino Caputo (empresa nasceu dentro da escola, numa
época em que ainda não se existia o conceito de incubação). Após sua fundação,
a cidade tomou novos rumos na área tecnológica. Com a entrada de mais empresas
do setor, criou-se um ambiente propício para que alunos formados nas escolas da
cidade pudessem colocar suas ideias e projetos em prática, como donos de seu
próprio negócio ou fazendo carreira em indústrias locais. Eles deram o tom do
desenvolvimento da cidade, que já começa a atrair o interesse de investidores
estrangeiros.
Em 2011 a
empresa foi vendida para uma multinacional japonesa e passou a se chamar
Hitachi Kokusai Linear. "No Vale da Eletrônica desenvolve-se
muita tecnologia, em inúmeras áreas da eletrônica. São criados muitos
cargos, em vários níveis. Tudo consequência da existência da ETE FMC",
declara Fructuoso.
Em Santa
Rita do Sapucaí também está instalada a única fábrica de urnas eletrônicas
usadas nas eleições em todo o País. É na cidade que se encontram os maiores
desenvolvedores de produtos e componentes no mundo para a transmissão de sinal
de TV. Muitas empresas da região estão no topo das listas das melhores empresas
para se trabalhar, como a Leucotron (fundada por dois ex-alunos da ETE FMC,
Marcos Goulart Vilela e Dilson Frota Moraes) eleita por vários anos, conforme
várias publicações conceituadas como as revistas Época Negócios e a Exame.
E mais: um
pequeno núcleo de empresas da região está produzindo o primeiro tablet com
imagens 3D do Brasil. "A receita da cidade: uma estrutura educacional
sólida com doses de incentivos fiscais que dão condições de desenvolvimento
para os empreendedores locais", completa Fructuoso.
Para dar
suporte a novos investimentos, o Arranjo Produtivo Local - APL, oferece vários
itens necessários à abertura de uma empresa, como fornecedores diversos. Além
disso, o governo mineiro concede incentivos fiscais, como descontos no ICMS.
Também foram criadas duas Incubadoras (uma ligada à Prefeitura e outra ao
Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel), que já ajudaram a formar
quase 100 empresas. Juliano Braz dos Santos, 32 anos, ex-aluno da ETE FMC e
diretor da 3J Tecnologia Eletrônica, abriu, em 2012, a Sancout Tecnologia,
vinculada à Incubadora e está otimista: "A importância deste pool de
empresas é trazer também a tão sonhada independência tecnológica para o
País".
Boas
oportunidades – Quem se forma em Santa Rita do Sapucaí tem
praticamente emprego garantido no setor de eletrônica. "Só fica sem
emprego quem quiser. As empresas da região absorvem muitos
profissionais, sobretudo porque querem desenvolver seus produtos. O mercado no
mundo para esses estudantes também é gigante", diz Marcos Goulart Vilela,
um dos responsáveis pela criação na região do Sindicato das Indústrias de
Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica -
SINDVEL.
Gabriel
Augusto Costa Rosa saiu da ETE FMC para o mundo. Formado em Eletrônica com
ênfase em automação industrial, em 2007, foi um dos dois aprovados para uma
vaga em Macaé (RJ). Hoje com apenas 23 anos, Costa Rosa já foi para a Antártica
participar de um projeto, trabalhou com Robótica Submarina na área de Óleo e
Gás em Alexandria, no Egito e está, desde abril, em Singapura. "Espero
continuar esta minha jornada como freelancer e abrir uma empresa ligada a
Robótica Submarina nos próximos anos. O mercado está em grande
expansão e muitos nichos surgem na área de Óleo o Gás".
José
Maximiano Borsato Vilela, 56 anos, concluiu o curso de eletrônica na
ETE FMC e foi trabalhar em São Paulo, após uma entrevista feita na escola.
Formou-se em engenharia, retornou à cidade e abriu sua empresa, a Maxcom, que,
mais tarde, foi comprada pela Intelbras e subdividida em duas. Uma delas
continua sob seu controle, a MaxnTV, do mercado de EaD (Educação à
Distância) e de desenvolvimento de software de treinamento. Maximiano diz que
está sempre de olho em bons profissionais que saem da ETE FMC.
Para o
diretor pedagógico da ETE FMC, Alexandre Barbosa, o mercado sempre
esteve aquecido para bons profissionais, tanto que muitos empresários da região
solicitam estagiários na escola. "A ETE FMC dá boa formação e embasamento
para o aluno abrir uma empresa, além de orientá-lo na transformação de um
protótipo em produto real."
Com o
objetivo de incentivar a inovação e o empreendedorismo, a ETE FMC promove,
desde 1981, a Projete – Feira de Projetos Futuristas, onde são expostos várias
invenções dos alunos. Ao longo dos anos, esses projetos renderam à ETE FMC
muitos prêmios nacionais. O protótipo Visão Interativa para Deficientes -VID,
criado por três alunos em 2011, conquistou sete prêmios.
(Fonte: http://refrescante.com.br em 06/09/2012)
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