sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Santa Rita é notícia - Mercado promissor para quem se forma em escolas de eletrônica no Vale do Silício brasileiro


Mercado promissor para quem se forma em escolas de eletrônica no Vale do Silício brasileiro

A pequena cidade de Santa Rita de Sapucaí (MG) exporta tecnologia brasileira, gera 9,6 mil empregos e produz 14 mil itens de produtos. Com suas ideias e projetos, ex-alunos abrem novas indústrias e são exemplos de inovação e empreendedorismo.
Ao se formar, em 1971, na ETE FMC - Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa, em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, Marcos Goulart Vilela não tinha ideia de como sua carreira seria promissora. Começou como professor na própria escola, formou-se em engenharia elétrica no Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel (também na região) e trabalhou por mais de 10 anos em São Paulo. Hoje, aos 60, tem, em Santa Rita do Sapucaí, sua própria empresa, a Leucotron Telecom, de PABX e Telefonia Voip, que emprega 180 pessoas – 30 são ex-alunos da ETE FMC.
Vilela é apenas um dos inúmeros exemplos de alunos formados na ETE FMC que seguiram uma carreira profissional e empresarial brilhante. Fundada em 1959, a ETE FMC, da Rede Jesuíta de Educação, foi a primeira Escola Técnica de Eletrônica da América Latina e a sétima do mundo, que tem atraído estudantes de todo o País. Foi uma das principais responsáveis pela transformação de Santa Rita do Sapucaí, pequena cidade mineira que vivia do leite e do café, em um dos mais importantes polos tecnológicos do Brasil. Hoje, com 38 mil habitantes, a cidade é reconhecida em todo o mundo pelo desenvolvimento e produção de eletroeletrônicos, exportados para vários países. É a cidade da inovação e do empreendedorismo.
Considerada o Vale do Silício brasileiro (referência ao Sillicon Valley, polo tecnológico no norte da Califórnia), Santa Rita do Sapucaí tem 142 empresas nas áreas de eletrônica, software, telecomunicações e internet, entre outras, que empregam cerca de 9,6 mil pessoas na produção de cerca de 14 mil itens de produtos (cerca de 10% é exportado) e respondem por um faturamento de R$ 1,9 bilhão anual.
A empresa pioneira da região, a Linear Equipamentos Eletrônicos, que desenvolveu o primeiro transmissor digital de TV brasileiro, foi criada em 1977 por quatro ex-alunos da ETE FMC, Carlos Fructuoso, Elias José Vaz Calil, José de Souza Lima e Robinson Gaudino Caputo (empresa nasceu dentro da escola, numa época em que ainda não se existia o conceito de incubação). Após sua fundação, a cidade tomou novos rumos na área tecnológica. Com a entrada de mais empresas do setor, criou-se um ambiente propício para que alunos formados nas escolas da cidade pudessem colocar suas ideias e projetos em prática, como donos de seu próprio negócio ou fazendo carreira em indústrias locais. Eles deram o tom do desenvolvimento da cidade, que já começa a atrair o interesse de investidores estrangeiros.
Em 2011 a empresa foi vendida para uma multinacional japonesa e passou a se chamar Hitachi Kokusai Linear. "No Vale da Eletrônica desenvolve-se muita tecnologia, em inúmeras áreas da eletrônica. São criados muitos cargos, em vários níveis. Tudo consequência da existência da ETE FMC", declara Fructuoso.
Em Santa Rita do Sapucaí também está instalada a única fábrica de urnas eletrônicas usadas nas eleições em todo o País. É na cidade que se encontram os maiores desenvolvedores de produtos e componentes no mundo para a transmissão de sinal de TV. Muitas empresas da região estão no topo das listas das melhores empresas para se trabalhar, como a Leucotron (fundada por dois ex-alunos da ETE FMC, Marcos Goulart Vilela e Dilson Frota Moraes) eleita por vários anos, conforme várias publicações conceituadas como as revistas Época Negócios e a Exame.
E mais: um pequeno núcleo de empresas da região está produzindo o primeiro tablet com imagens 3D do Brasil. "A receita da cidade: uma estrutura educacional sólida com doses de incentivos fiscais que dão condições de desenvolvimento para os empreendedores locais", completa Fructuoso.
Para dar suporte a novos investimentos, o Arranjo Produtivo Local - APL, oferece vários itens necessários à abertura de uma empresa, como fornecedores diversos. Além disso, o governo mineiro concede incentivos fiscais, como descontos no ICMS. Também foram criadas duas Incubadoras (uma ligada à Prefeitura e outra ao Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel), que já ajudaram a formar quase 100 empresas. Juliano Braz dos Santos, 32 anos, ex-aluno da ETE FMC e diretor da 3J Tecnologia Eletrônica, abriu, em 2012, a Sancout Tecnologia, vinculada à Incubadora e está otimista: "A importância deste pool de empresas é trazer também a tão sonhada independência tecnológica para o País".
Boas oportunidades – Quem se forma em Santa Rita do Sapucaí tem praticamente emprego garantido no setor de eletrônica. "Só fica sem emprego quem quiser. As empresas da região absorvem muitos profissionais, sobretudo porque querem desenvolver seus produtos. O mercado no mundo para esses estudantes também é gigante", diz Marcos Goulart Vilela, um dos responsáveis pela criação na região do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica - SINDVEL.
Gabriel Augusto Costa Rosa saiu da ETE FMC para o mundo. Formado em Eletrônica com ênfase em automação industrial, em 2007, foi um dos dois aprovados para uma vaga em Macaé (RJ). Hoje com apenas 23 anos, Costa Rosa já foi para a Antártica participar de um projeto, trabalhou com Robótica Submarina na área de Óleo e Gás em Alexandria, no Egito e está, desde abril, em Singapura. "Espero continuar esta minha jornada como freelancer e abrir uma empresa ligada a Robótica Submarina nos próximos anos. O mercado está em grande expansão e muitos nichos surgem na área de Óleo o Gás".
José Maximiano Borsato Vilela, 56 anos, concluiu o curso de eletrônica na ETE FMC e foi trabalhar em São Paulo, após uma entrevista feita na escola. Formou-se em engenharia, retornou à cidade e abriu sua empresa, a Maxcom, que, mais tarde, foi comprada pela Intelbras e subdividida em duas. Uma delas continua sob seu controle, a MaxnTV, do mercado de EaD (Educação à Distância) e de desenvolvimento de software de treinamento. Maximiano diz que está sempre de olho em bons profissionais que saem da ETE FMC.
Para o diretor pedagógico da ETE FMC, Alexandre Barbosa, o mercado sempre esteve aquecido para bons profissionais, tanto que muitos empresários da região solicitam estagiários na escola. "A ETE FMC dá boa formação e embasamento para o aluno abrir uma empresa, além de orientá-lo na transformação de um protótipo em produto real."
Com o objetivo de incentivar a inovação e o empreendedorismo, a ETE FMC promove, desde 1981, a Projete – Feira de Projetos Futuristas, onde são expostos várias invenções dos alunos. Ao longo dos anos, esses projetos renderam à ETE FMC muitos prêmios nacionais. O protótipo Visão Interativa para Deficientes -VID, criado por três alunos em 2011, conquistou sete prêmios.
(Fonte: http://refrescante.com.br em 06/09/2012)

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