A vida deve ser bebida
Estou
E num breve instante
Sinto tudo
Sinto-me tudo
Deito-me no
meu corpo
E despeço-me de mim
Para me encontrar
No próximo olhar
ausento-me
da morte
não quero nada
eu sou tudo
respiro-me até à exaustão
nada me
alimenta
porque sou feito de todas as coisas
e adormeço onde tombam a luz e a poeira
A vida
(ensinaram-me assim)
Deve ser bebida
(Mia Couto)
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