Ano Novo
Começar o
ano na quarta-feira deveria ser proibido. Infelizmente, na ausência de leis que
proíbam o fluxo regular do calendário gregoriano, o primeiro dia do ano cai, de
vez em quando, em intervalos regulares e previsíveis, em uma quarta-feira.
Primeiro dia
do ano é tempo que deve ser utilizado para o descanso, ao perdão autoconcedido,
e ao enfrentamento das consequências dos excessos, ações e acontecimentos do
ultimo dia do ano passado. Olhando dessa perspectiva, começar ou não o ano na
quarta-feira não faz realmente muita diferença.
A perda se
dá realmente nos dias seguintes, quando a vida quotidiana parece acordar e, a
todos, arrastar no turbilhão de agitações que engole as horas de todos os dias,
a toda hora. Ano que começa em quarta-feira rouba tempo adicional para reflexão
e contemplação.
Parece que
começos de ano existem para reflexão, reavaliação de ações, revisão de
objetivos e tomada de decisões. Nessa época, a gente tende a contemplar o
futuro, o passado, os valores, e os significados. É renascer habitando o mesmo
corpo.
O ser
humano, apesar de se autoproclamar racional, parece jamais desistir de
encontrar perguntas cuja existência de respostas seja talvez impossível ou
improvável. É assim que se escrevem páginas sobre a existência ou inexistência
de Deus, ou se derramam rios de tinta e muito esforço na busca de conexões
humanas perfeitas.
Aos que
abraçam a ciência com única explicação, e a tudo tentam abordar racionalmente,
de fato, muita coisa parece sem sentido, vazia. A ciência explica como, mas
ajuda muito pouco a entender por quê. A existência seria simplesmente um acaso
pelo qual cada um de nós passa, sem nada de especial.
Talvez seja
verdade. Talvez não exista mesmo sentido. Mas se toda esta racionalidade não
estivesse eternamente grávida de dúvidas; ou se aqueles que se autoproclamam
completamente racionais desfrutassem da completa pureza de suas convicções,
cessariam também a sede por conhecer, por saber, por aspirar, por viver.
Nós,
entretanto, continuamos. Investimos energia e tempo na busca de sentido e
conexões humanas perfeitas. E somos permanentemente desafiados a perguntar se
simplesmente falhamos em encontrar as respostas às questões que nos preocupam,
ou se essas respostas simplesmente nunca existiram.
Começo de
ano é época de desejar o impossível, ou, no mínimo o improvável. É período para
renascimento de esperanças. Feito para abrigar os sonhos das conexões humanas
perfeitas, e continuar a busca das respostas que tanto precisamos, mas que
tardam em chegar.
Que este ano
traga tudo isto.
Feliz ano
novo!
(Elton
Simões)
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