Meu programa para domingo próximo. Depois eu conto como foi.
Bethânia e as palavras
Maria Bethânia tem uma relação íntima com as palavras. Vem de muito tempo a ligação de Maria Bethânia com as palavras. Desde o colégio em Santo Amaro, quando seu professor Nestor Oliveira a ensinou, assim como a seu irmão Caetano Veloso, a ouvir poesia. Esta paixão pelas palavras ela levou para os palcos, nos textos que sempre recitou em seus espetáculos – desde o famoso show de estréia no Teatro Opinião, em 1965. A escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol afirmava que Bethânia era uma “cantora de leitura”.
O projeto começou em Minas, no ano passado, quando Bethânia foi convidada pela UFMG para participar do ciclo de conferências Sentimentos do Mundo. Logo em seguida realizou outras leituras na Casa do Saber/RJ, PUC/RJ, no Itamaraty/Brasília (para o Encontro Mundial dos Países de Língua Portuguesa) e, mais recentemente, na Casa Fernando Pessoa, em Portugal, como retribuição à Ordem do Desassossego que recebeu com a imortal Cleonice Berardinelli por ser, no Brasil, uma das maiores divulgadoras do legado de Fernando Pessoa.
Acompanhada pelo violonista Jaime Além e pelo percussionista Carlos César, Bethânia vai recitar poemas e fragmentos de textos de autores como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Sophia de Mello, Fausto Fawcett, entre outros. São cerca de 70 trechos. E como música também é poesia, ela apresenta ABC do Sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira), Último Pau de Arara (J.Guimarães/Venâncio/Corumbá), Estranha Forma De Vida (Amália Rodrigues), Marinheiro Só (domínio público/adaptação Caetano Veloso), Dança da Solidão (Paulinho da Viola) e Menino de Jaçanã (Luis Vieira/Arnaldo Passos).
Maria Bethânia reconhece que dizer poesia, hoje em dia, “neste mundo de corre-corre”, é “um desafio”, mas também, “uma idéia que comove e atrai”. E Fernando Pessoa, o poeta da sua vida, não fica de fora. “É a minha tradução mais fiel”, afirma, acrescentando: “Suporta minha respiração, minha cadência e o ritmo desassossegado do meu coração”. O poeta é lembrado com pungentes poemas, como o Poema do Menino Jesus, de Alberto Caieiro, popularizado pela intérprete a partir do show Rosa dos Ventos; e Ultimatum, de Álvaro de Campos, que soa impressionantemente atual desde sua leitura no show Dentro do Mar tem Rio.
Confira a leitura de Eros e Psique, de Fernando Pessoa, feita por Bethânia para o documentário Palavra Encantada, de Helena Solberg:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Adorei receber sua visita!
Ler seu comentário, é ainda melhor!!!
Responderei sempre por aqui.