Lições
Não
aprendi a colher a flor
sem esfacelar as pétalas.
Falta-me o dedo menino
de quem costura desfiladeiros.
sem esfacelar as pétalas.
Falta-me o dedo menino
de quem costura desfiladeiros.
Criança,
eu sabia
suspender o tempo,
soterrar abismos
e nomear as estrelas.
Cresci,
perdi pontes,
esqueci sortilégios.
suspender o tempo,
soterrar abismos
e nomear as estrelas.
Cresci,
perdi pontes,
esqueci sortilégios.
Careço
da habilidade da onda,
hei-de aprender a carícia da brisa.
hei-de aprender a carícia da brisa.
Trémula,
a haste
me pede
o adiar da noite.
me pede
o adiar da noite.
Em
véspera da dádiva,
a faca me recorda, no gume do beijo,
a aresta do adeus.
a faca me recorda, no gume do beijo,
a aresta do adeus.
Não,
não aprenderei
nunca a decepar flores.
nunca a decepar flores.
Quem
sabe, um dia,
eu, em mim, colha um jardim?
(Mia Couto)
eu, em mim, colha um jardim?
(Mia Couto)
Nidia ,
ResponderExcluirMia Couto nos surpreende e fascina , não é mesmo ?
Que bom ter partilhado o poema conosco .
Beijos , amiga e grata por suas visitas ao meu espaço .
Desde que descobri Mia couto, fiquei apaixonado pelos seus poemas e textos. É de uma sensibilidade que há muito não se via.
ExcluirObrigada pela visita.
Beijos.