Santa Rita do Sapucaí: o Vale mineiro da Eletrônica
Conheça a pequena cidade do interior de Minas Gerais que se tornou um pólo tecnológico reconhecido mundialmente
Poucas pessoas imaginam que uma típica cidade do interior de Minas Gerais, com 40 mil habitantes, é um verdadeiro pólo tecnológico brasileiro. Santa Rita do Sapucaí não possui somente belas paisagens e plantações de café, mas também cerca de 150 micros e pequenas empresas de TI e um faturamento anual na ordem de R$ 1,5 bilhão. Grande parte das pessoas no município atua nas áreas de eletrônica, telecomunicações e informática e a renda per capita atual da cidade é uma das mais altas do interior do país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
E tudo isso só foi possível porque, em 1959, quando foi criada a primeira Escola Técnica em Eletrônica (ETE) da América Latina, o espaço que antes era ocupado pela agropecuária começou a dar lugar a um parque tecnológico, hoje conhecido como "Vale do Eletrônico". Poucos anos depois, nascia também outras duas instituições que contribuem com o crescimento da região: o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Faculdade de Administração e Informática (FAI). Hoje, as três escolas, junto da prefeitura e companhias locais são responsáveis por todo desenvolvimento de Santa Rita do Sapucaí.
Para se ter ideia, o Inatel formou cerca de 6 mil engenheiros no último ano, sendo que 98% saíram da faculdade com o emprego garantido. Isso porque a faculdade possui programas de incentivo que procuram despertar no aluno a postura de empreendedor, que pode ser aplicado à sua própria empresa, ou em outras pequenas companhias em desenvolvimento. Em Santa Rita do Sapucaí, 90% das empresas possuem um fundador formado pela Inatel. E o motivo é simples: a instituição possui uma incubadora que abriga, durante três anos, dez startups que passam por um processo rígido de seleção. Além disso, a própria prefeitura, através da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia, Industria e Comércio, também realiza concursos de incubadoras periodicamente.
A KeyMax, co-fundada por Tiago Soares, foi uma das microempresas a ganhar espaço em uma dessas incubadoras e hoje está prestes a se graduar. A startup que desenvolve softwares e hardwares para outras companhias está há dois anos dentro do Inatel, recebendo auxilio na gestão dos negócios e instalada dentro da universidade. "Temos todo o espaço físico com salas de reunião, treinamento, internet e telefone, além da assessoria dos gestores da incubadora. Quando surgem dúvidas a mais, eles contratam até uma empresa terceirizada para nos ajudar, como o SEBRAE, por exemplo", explica.
Hoje, Thiago possui sete estagiários, além do sócio. Em dois anos de empresa, ele já conseguiu uma carteira de clientes grande o suficiente para que, no segundo semestre de 2012, a startup ande com as próprias pernas. "Santa Rita é reconhecia mundialmente como um polo tecnológico e não foi difícil encontrar clientes, até porque fazemos um serviço que não é voltado apenas para companhias de TI", comenta. O estudante ainda ressalta que, por se tratar de uma cidade universitária, a mão de obra é qualificada e há muito incentivo do governo. Fora isso, o networking e a colaboração entre empresas facilita a inclusão no mercado. "Não pretendemos sair daqui, pensamos apenas, futuramente, em abrir um escritório comercial em outro centro importante do Brasil", completa.
A cidade também possui um centro tecnológico, reconhecido mundialmente, que trabalha em parceria com empresas na criação de soluções e inovações tecnológicas. Segundo Marcelo de Oliveira Marques, diretor da Inatel, dentro do centro existem cerca de 150 pesquisadores, analistas e engenheiros que desenvolvem soluções sob demanda para empresas solidificadas no mercado como Telefônica, LG e Ericsson. Santa Rita ainda realiza feiras tecnológicas que incrementam o faturamento anual da cidade, atraindo financiamentos de projetos e gerando novos negócios. A Feira de Tecnologia da FAI é uma das mais importantes e é realizada anualmente.
(Fonte: Stephanie Kohn - http://olhardigital.uol.com.br em 19/03/2012)
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