Os sobrenomes
Essa é uma pergunta que muitas vezes fazemos a respeito do nosso sobrenome. Você sabia que o sobrenome da família pode dizer muito sobre seus antepassados? O significado pode, por exemplo, dizer o que um antepassado seu fazia da vida ou onde morava.
Hoje obrigatório, o sobrenome era um privilégio até o fim da Idade Média no Ocidente. Apenas nobres tinham um complemento oficial ao nome próprio, geralmente ligado à região em que eram soberanos. Eles se tornaram hereditários à medida que a posse das terras passou a ser transmitida de geração em geração. Por isso mesmo, nobreza e clero foram os primeiros segmentos da sociedade a ter sobrenome, enquanto as classes baixas eram chamadas apenas pelo primeiro nome. O último nome, identificando a família, era inclusive usado como "documento" na hora da compra e venda da terra, um luxo reservado apenas aos mais favorecidos.
Mas, conforme a população começou a aumentar e circular, um nome só, mesmo composto, não era mais suficiente para distinguir os plebeus, e o povo passou a ser identificado por meio de sobrenomes. Aos poucos o hábito se disseminou e foi sendo passado para as novas gerações. Em 1370, já se encontra a palavra “sobrenome” em documentos oficiais de diversos países.
O registro sistemático dos nomes de família começou no século 16, por decreto da Igreja Católica, no Concílio de Trento em 1563, que tornava imutável, obrigatório e transmissível o sobrenome. Isso aconteceu para facilitar a cobrança de impostos, mas principalmente para evitar casamentos e uniões entre consanguíneos. Durante o Concílio de Trento determinou-se que os registros de batismo deveriam conter o prenome e o sobrenome; o primeiro deveria ser inspirado em algum personagem bíblico ou na biografia de algum santo. Uma vez que as pessoas não tinham registro antes dessa determinação e apenas a sua origem geográfica ou ofício as diferenciava, esses foram o parâmetro utilizado para registrar os filhos.
De acordo com estudiosos do assunto, os nomes de família chegaram até nós de diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluiu de quatro fontes principais:
1 - Por ocupação
Durante a Idade Média, a Europa era composta de vilarejos que pertenciam aos senhores. Estas vilas precisavam dos serviços de pessoas para arar a terra, cuidar dos animais, carpinteiros para construir casas e outros. Quando o escrivão registrava a pessoa em um arquivo era normal identificá-lo por meio de sua ocupação/trabalho.
John, sendo carpinteiro - John Carpenter, cozinheiro - John Cook , alfaiate - John Taylor e assim de acordo com a profissão exercida.
Toda vila tinha os seus Smiths (ferreiros), Millers (moleiros), Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), Gardners (jardineiros), Fisherman (pescadores), Hunters (caçadores), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente qualquer relação com os Millers de outra vila.
2 - Por localidade
Derivam do nome do lugar de procedência de seu portador inicial ou de características topográficas do lugar de residência de seu primeiro portador.
O “João da Rocha” teve o seu nome criado pelo fato de morar em uma região cheia de pedregulhos ou morar próximo de um grande rochedo. Na medida em que o sujeito era chamado pelos outros dessa forma, o sobrenome acabava servindo para que seus herdeiros fossem distinguidos por meio dessa situação, naturalmente construída.
A maior parte dos sobrenomes que circulam no Brasil é de origem portuguesa e tem origem geográfica. Desta forma, Guilherme, nascido ou vindo da cidade portuguesa de Coimbra, passou a ser, como seus parentes, Guilherme Coimbra. Assim, também Varela, Aragão, Cardoso, Araújo, Abreu, Guimarães, Braga, Valadares, Barbosa e Lamas eram nomes de cidades ou regiões que identificavam os que lá nasceram, passando a funcionar, com o tempo, como sobrenomes.
Alguns desses sobrenomes, aliás, não se referem a localidades, mas a simples propriedades rurais onde um determinado tipo de plantação era privilegiado. Por exemplo, os moradores de numa quinta em que se cultivavam oliveiras passaram a ser conhecidos como Oliveira, o mesmo acontecendo com Pereira, Macieira e tantos outros.
3 - Patronímico ou Matronímico
Os patronímicos derivam do nome próprio do pai e os matronímicos, do nome próprio da mãe.
Na maioria dos países era comum o sobrenome derivar do nome próprio do pai. O sufixo inglês “son” agregado a um nome denota “filho de”.
Apesar do nome patronímico ter sido usado por um longo tempo, eles sempre mudavam de geração para geração. Como exemplo, John, filho (son) do William, poderia ser conhecido como “John Williamson”, mas o filho dele teria como sobrenome “Johnson”, por ser filho (son) do John.
Em Portugal, muitos sobrenomes também indicavam o nome do pai ou da mãe; por exemplo, “Esteves” significa “filho de Estêvão”. Alguns dos patronímicos e matronímicos acabaram sendo reescritos e, por exemplo, Joana de Fernando passou a ser Joana Fernandes.
Exemplos: Simões (filho de Simão); Guimarães (filho de Guímaro); Fernandes (filho de Fernando); Henriques (filho de Henrique); Nunes (filho de Nuno); Martins (filho de Martim).
4 - Por características
Outra origem de sobrenomes foram as alcunhas ou apelidos, atribuídos a uma pessoa para identificá-la e que depois se incorporava a seu nome como se dele fizesse parte. É o caso de Louro, Calvo e Severo, por exemplo. Muitos nomes de família se originaram também de nomes de animais, fosse por traços de semelhança física ou de características de temperamento: Lobo, Carneiro, Aranha, Leão e Canário são alguns deles.
Curiosidades
- Na Hungria, Vietnam, China, Japão e Coreia o sobrenome precede o prenome na ordem do nome completo.
- Na Espanha e na América hispânica a ordem é: nome, sobrenome do pai e, por último o sobrenome materno.
- Em Portugal o número máximo de sobrenomes permitidos é quatro, o que permite o uso de sobrenome duplo quer materno, quer paterno, enquanto que em Espanha é de dois, mas esses dois podem ser duplos, unidos por hífen, resultando na realidade em quatro (Espanhóis espertos!!!).
-Em Países como a França, a Alemanha e nos países anglo-saxônicos é normal a mulher “abdicar” do seu sobrenome de solteira e ficar apenas com o sobrenome do seu cônjuge. Nos últimos anos, porém, tem-se tornado algo frequente as mulheres estadunidenses apenas “acrescentarem” o apelido do marido ao seu nome de solteira ou hifenizarem ambos os sobrenome.
- Em países como o Japão, ao casar-se, um casal é obrigado a assumir um sobrenome em comum, e apesar de na maioria das vezes ser o do homem, o contrário também é socialmente aceito.
- O sobrenome Silva, além de ser muito usado em Portugal, também foi dado a milhares de escravos trazidos para o Brasil durante o período colonial. Essa é a explicação mais provável, segundo o genealogista Carlos Eduardo Barata, autor do Dicionário das Famílias Brasileiras. Além disso, muitos portugueses que vinham para o Brasil em busca de vida nova adotavam este sobrenome para se beneficiar do anonimato que o sobrenome comum oferecia. A origem é controversa, mas tudo indica que o sobrenome surgiu no Império Romano para denominar os habitantes de regiões de matas ou florestas - silva, em latim, é "selva". Muitos desses habitantes se refugiaram do império justamente na península Ibérica (hoje Portugal e Espanha). Hoje, é impossível saber quantos "Silvas" existem no Brasil, porém, tudo leva a crer que Silva é, sim, o sobrenome mais comum.
- Todos os nomes que tem algum tipo de arvore como tema, são nomes que vem de países do oriente médio, que eram usados para disfarçar a verdadeira identidade durante a segunda guerra mundial, e são atribuídos aos judeus.
- De origem Espanhola, Souza é um nome dado pelos espanhóis aos desbravadores do mar, Souzoes que depois se tornaram Souza.
- Negros africanos, que vieram para o Brasil como escravos, e dos quais tantos de nós descendemos, foram obrigados a deixar para trás seu passado, seu nome e a identificação de sua origem tribal. Aqui foram batizados com um nome cristão e os sobrenomes que recebiam muitas vezes eram os mesmos de seus senhores. Quando isso não ocorria, os senhores lhes davam sobrenomes de origem religiosa, como Batista, de Jesus, do Espírito Santo.
(Fontes: http://mundoestranho.abril.com.br/, http://www.jornaldamulher.org, http://www.iremar.com.br, http://www.meusparentes.com.br, http://pt.shvoong.com, http://www.conversadeportugues.com.br)
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