sexta-feira, 20 de abril de 2012

O santa-ritense que morava com as nuvens

O santa-ritense que morava com as nuvens

“Mantiqueira: lugar onde as nuvens se escondem”. (origem tupi-guarani)

Adoro nomes de lugares bem compridos e que contenham descrições do local. Mineiro é mestre em colocar estes nomes em suas cidades como São Sebastião da Bela Vista, Catas Altas da Noruega, Santa Bárbara do Monte Verde, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião da Vargem Alegre, São Sebastião das Águas Claras (não é cidade, mas um distrito de Brumadinho, conhecido como Macacos, aqui pertinho de BH).
Em São Paulo também há lugares com este tipo de nomenclatura. São João da Boa Vista é um deles. O município está situado na divisa de São Paulo e Minas Gerais, grudadinho com Andradas e é emoldurado pela nossa conhecida Serra da Mantiqueira. No lado paulista, a Mantiqueira é subdividida em Serras das mais variadas: Serra da Paulista, Serra do Deus me Livre, Serra da Fartura, Serra da Cachoeira, Serra do Padre. Pois a nossa história começa aqui, justamente na Serra do Padre e é contada por Josué Grespan, um sanjoanense que não conheço pessoalmente, mas encontrei aqui. Se você nunca foi a São João da Boa Vista e nem conhece o Sr. Josué, provavelmente já deve ter lixado suas unhas com uma lixa Marajó, fabricada por ele. Ele é proprietário da Fazenda Serra da Boa Vista, no alto da Serra do Padre, voltada ao turismo rural e que faz parte do Caminho da Fé. Pois aí é que aparece um santa-ritense na história (sempre fico na dúvida se é santa-ritense ou santarritense. Olhei no IBGE que disse que o gentílico é santa-ritense. Enfim, é o povo "bão" nascido em Santa Rita do Sapucaí).
Josué é parente do padre que dá nome à Serra. O padre José Valeriano de Souza nasceu em Santa Rita do Sapucaí, MG onde estudou e noivou com Ana Norberto. Descobriu-se com vocação sacerdotal, ordenou-se padre e veio para São João como vigário onde ficou por 40 anos. Sua ex-noiva soube que ele morava aqui e veio atrás de seu amor. Reataram sua ligação. Para camuflar o que era tido como ilícito, comprou a Fazenda Serra da Boa Vista, em 1863, instalou-a ali, vivendo maritalmente com ela. Tiveram 7 filhos.
Passava ali de segunda à quarta. Na quinta-feira pegava o escravo Venâncio e ia para a cidade cumprir suas obrigações sacerdotais para com seus paroquianos até domingo. E tudo recomeçava outra vez no alto da Serra. Foi um grande realizador. À sua época foi construído o alicerce da catedral de São João. Benedito Miranda, que dá nome ao bosque na entrada da fazenda, era neto do padre. A fazenda ficou para ele e sua irmã Maria que a deixaram para Josué. O padre José faleceu em 29/01/1898. Êta mineirinho esperto este!!! Soube como ninguém unir o útil ao agradável.
O lugar também teve importante desempenho na Revolução Constitucionalista de 32. Andradas recebeu tropas para atacar o estado paulista. Na ocasião, foram cavadas trincheiras na divisa com São João da Boa Vista antevendo um ataque, que nunca aconteceu. Ainda bem... Assim continuamos tendo ciúmes dos paulistas, mas convivendo em perfeita harmonia com eles. 
(Fonte: utilização de partes do texto Marajó fornece lixas para todo o Brasil publicado em http://www.guiasaojoao.com.br)

2 comentários:

  1. Nídia,minha querida,parabéns,adorei....mais uma da família que gosta de escrever,o que o faz muito bem!!!!!Bjos
    Cidinha

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    Respostas
    1. Obrigada, Cidinha.
      Como eu digo sempre: Gosto de brincar com as palavras.
      Faz bem para a alma.
      Apareça sempre por aqui. Será um prazer.

      Beijos.

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