Poesia vira remédio para doentes graves
No recém-lançado Linhas Pares (Scortecci Editora), a médica Ana Claudia Quintana Arantes virou apenas Claudia Quintana, a poeta. Formada pela Faculdade de Medicina da USP e pós-graduada em Intervenções em Luto pelo Instituto de Psicologia 4 Estações, Ana também é especializada em Cuidados Paliativos pela Universidade de Oxford. E foi exatamente na medicina paliativa que descobriu o caminho para solucionar alguns dilemas que encontrava na tradicional.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos consistem em uma assistência para melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares diante de uma doença que ameace sua vida. Para a doutora, uma maneira de alcançar esse objetivo é por meio da poesia. “Acompanhei um paciente com câncer de pulmão que se queixava de fadiga.
Não havia mais possibilidade de tratamento oncológico e ele se abriu para toda a sorte de tratamentos complementares. Fiz então uma proposta: quer provar poesia?”, relembra. O paciente voltou fascinado: “‘Ana, isso tudo fez todo o sentido. Não preciso buscar respostas em nenhum outro tempo que não seja agora. Minha vida tem sentido, e agora. Muito obrigado’”.
Nos receituários que a médica-escritora prescreve aos seus pacientes no Hospice do Hospital das Clínicas e no Hospital Israelita Albert Einstein, estão poemas de Clarice Lispector, Manoel de Barros, Fernando Pessoa e seu favorito, Mário Quintana – que inspirou seu “nome artístico”. Também figuram Cecília Meireles (“ela me ajuda a trabalhar com a morte no dia a dia”, Ana diz) e Carlos Drummond de Andrade (“ele me faz sorrir sempre, mas algumas vezes choro antes, porque é preciso”).
Mesmo nunca tendo cursado nenhuma disciplina relacionada à literatura durante seu curso de Medicina na USP, nada impediu que essa “irremediável devoradora de livros” (como se auto intitula) escrevesse seus próprios versos. Primeiro no blog prescreverpoesia, que dois anos depois daria origem a Linhas Pares, que tem 51 poemas e 21 fotografias, tudo autoral. “A arte sempre esteve presente na minha medicina, pois entro na vida dos meus pacientes pela porta que todos querem manter fechadas para sempre: a do sofrimento, da doença e da morte. Preciso mostrar que posso ajudar a viver tudo isso de uma forma diferente, menos sofrida e repleta de sentido, e fazer isso é uma arte”. O segundo livro de poesias de Claudia já está pronto, e a previsão é que seja lançado ainda neste ano.
(Fonte: Melissa Myeko - Jornal do Campus em 28/05/2012)
Blog: Se a poesia cura a alma acaba também curando o corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Adorei receber sua visita!
Ler seu comentário, é ainda melhor!!!
Responderei sempre por aqui.