Macieiras
As macieiras tinham maçãs temporãs, a casca vermelha
de escuríssimo vinho, o gosto caprichado das coisas
fora do seu tempo desejadas.
Ao longo do muro eram talhas de barro.
Eu comia maçãs, bebia a melhor água, sabendo
que lá fora o mundo havia parado de calor.
Depois encontrei meu pai, que me fez festa
e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria,
os lábios de novo e a cara circulados de sangue,
caçava o que fazer pra gastar sua alegria:
onde está meu formão, minha vara de pescar,
cadê minha binga, meu vidro de café?
Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.
(Adélia Prado)
Maravilhosa Adélia Prado,
ResponderExcluirsempre brejeira!
Muito lindo, Nidia.
Um abraço,
da Lúcia
Isso mesmo Lúcia, Também acho as poesias da Adélia brejeiras. Ela retrata como ninguém o cotidiano com uma beleza sem igual. Beijos.
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