Sem depois
Todas as
vidas gastei
para morrer contigo.
E agora
esfumou-se o tempo
e perdi o teu passo
para além da curva do rio.
Rasguei as cartas.
Em vão: o papel restou intacto.
Só meus dedos murcharam, decepados.
Queimei as fotos.
Em vão: as imagens restaram incólumes
e só meus olhos
se desfizeram, redondas cinzas.
Com que roupa
vestirei minha alma
agora que já não há domingos?
Quero morrer, não consigo.
Depois de te viver
não há poente
nem o enfim de um fim.
Todas as mortes gastei
para viver contigo.
(Mia Couto)
Nidia ,gosto tanto do Mia Couto .
ResponderExcluirAs metáforas dele nos fazem voltar os olhos ao delicado da vida , não é ?
Continuo parabenizando-a pelas belas postagens . Passo sempre por aqui .
Beijos
Oi, Marisa. Descobri Mia Couto não faz muito tempo e cada dia mais tenho me encantada com seus versos.Quando gosto muito, costumo dizer que é sublime. Os poemas dele são SUBLIMES. Beijos.
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