Tecnologia para o bem
Feira tecnológica de escola mineira aposta em projetos para
ajudar portadores de necessidades especiais. Além de inclusão social, a
iniciativa promove o pensamento empreendedor em sala de aula.
Os óculos-mouse que permitem mover o curso do computador com
movimentos da cabeça e dos olhos é um dos exemplos de tecnologia assistiva
criada por estudantes de ensino médio e expostas na Projete. (foto: Sofia
Moutinho)
Criar tecnologias que ajudem as pessoas a viver melhor. Este
é o lema dos estudantes do ensino médio da Escola Técnica de Eletrônica
Francisco Moreira da Costa, em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais. Todos os
anos eles participam da Projete, uma feira de tecnologia organizada no pátio da
escola com projetos que têm ganhado reconhecimento.
Ano passado, um invento apresentado na Projete – um equipamento
para ajudar na locomoção de deficientes visuais – conquistou o primeiro
lugar em uma das feiras de ciências mais famosas do país, a Feira
Brasileira de Ciências e engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace).
Este ano, por três dias, 192 equipes de alunos do primeiro
ao terceiro ano técnico e convencional expuseram seus inventos para um
entusiasmado público de 3 mil visitantes diários composto de parentes,
professores, amigos e curiosos da pequena cidade de 40 mil habitantes.
A maioria dos inventos tinha por objetivo facilitar o
cotidiano de pessoas portadoras de necessidades especiais ou baratear
tecnologias já existentes. Essas duas metas estavam por trás do projeto da
equipe de Walef Carvalho, do 2º ano. O adolescente e seus colegas criaram uma
espécie de cadeira de rodas, mais barata que as opções no mercado, que
possibilita a tetraplégicos e paraplégicos se locomover de pé.
A motivação para o projeto surgiu da história familiar do
aluno. “Meu pai sofreu um acidente na coluna há seis anos ao pular na piscina e
ficou tetraplégico”, conta. “A fase de recuperação foi difícil. Hoje, ele já
anda com andador e dirige carro adaptado, mas eu quis fazer isso por ele e
pelos colegas dele com o mesmo problema.”
Para desenvolver a ideia, Carvalho teve o apoio de uma
fisioterapeuta da região, Claudia Garcez, do Instituto Nacional de
Telecomunicações (Inatel). A profissional trabalha com pessoas que sofreram
lesões na medula e não podem andar e explicou ao estudante a importância da
posição em pé para esses pacientes. “Quando você coloca o paciente em pé ele
ganha em vários aspectos”, conta Garcez. “Um deles é que sentado na cadeira de
rodas os seus órgãos ficam comprimidos.”
Também nessa linha é o projeto de Guilherme Ribeiro Barbosa
e José Vitor Santos Resende, do 2º ano. Quando buscavam uma ideia para a feira,
conheceram Antonio, um senhor de 59 anos que sofre de mal de Parkinson e por
isso tem dificuldades para andar.
Os dois amigos assistiram às sessões de fisioterapia de
Antonio e viram que ele tinha mais facilidade para caminhar com o uso de
pegadas coladas no chão que lhe serviam como guia.
Com essa informação, criaram um dispositivo simples, de
apenas R$ 90, composto de um cinto com dois lasers apontados para o
chão que se intercalam à medida que o usuário caminha. A luz dos lasers serve
de orientação para o paciente saber onde deve pisar. “Não podíamos espalhar
pegadas pela cidade inteira, então criamos esse equipamento que permite que o
seu Antonio possa andar com mais autonomia”, diz Barbosa.
Veja vídeo em que Barbosa e Carvalho apresentam seus
projetos
Além da escola
Todos os alunos recebem um certificado da escola e os
projetos eleitos pelo público e pelos professores ganham troféus de criatividade
e inovação. A cada ano, quatro projetos são escolhidos para concorrer na
Febrace.
Além de criar os protótipos, os alunos precisam registrar
todo o processo de criação em ‘diários de bordo’ que, ao final da feira, são
avaliados pelos professores. Esse documento faz parte de uma iniciativa do
colégio para instigar o empreendedorismo nos alunos.
“É uma oportunidade de os alunos aprenderem metodologia
científica e também desenvolverem um plano de negócios”, conta o diretor geral
da escola Alexandre Barbosa. “A feira já completa 32 anos e a gente observa que
muitos protótipos viraram produtos nas mãos dos nossos alunos e empresários.”
Confira, no vídeo, outros projetos apresentados na feira
tecnológica
(Fonte: Sofia
Moutinho - http://cienciahoje.uol.com.br/
em 18/10/2012)
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