O sonho de toda menina do interior era se vestir de anjo e coroar Nossa Senhora. O meu não era diferente, mas também - como todas as meninas - queria colocar a coroa. Era mais nobre e os cânticos mais bonitos. Minha parceira chorou, fez birra, minha mãe me obrigou a ceder e eu acabei tendo que colocar a palma. Uma injustiça, já que quem era maior colocava a coroa e eu era a maior.
Essa solenidade sempre acontecia no mês de Maio e a gente acabava coroando só uma vez, porque as pessoas de minha cidade eram muito religiosas e a procura por vagas, muito grande. Enfim, cantei bem alto e coloquei lá minha palma. Achei que fiz muito bonito.
Depois vieram as férias de Julho. Como sempre, lá fui eu para a fazenda de minha prima. Éramos vizinhas na cidade, tínhamos a mesma idade e éramos parceiras em muitas brincadeiras.
Durante o dia, apanhávamos flores para retirar as pétalas e preparar nossa própria coroação. Juntávamos tudo em pratinhos esmaltados de branco e ficávamos esperando a noite chegar. Sob a luz de lampiões e lamparinas, entrávamos na cozinha, vestidas com roupas longas emprestadas por minha tia, na maior cantoria. Repetíamos isso várias vezes por noite. Cada vez, uma colocava a coroa. Nossa santa ficava parada, imóvel com as mãos postas para poder enfiar a palma. Era ninguém menos que meu tio Antônio, um verdadeiro santo.
Essa solenidade sempre acontecia no mês de Maio e a gente acabava coroando só uma vez, porque as pessoas de minha cidade eram muito religiosas e a procura por vagas, muito grande. Enfim, cantei bem alto e coloquei lá minha palma. Achei que fiz muito bonito.
Depois vieram as férias de Julho. Como sempre, lá fui eu para a fazenda de minha prima. Éramos vizinhas na cidade, tínhamos a mesma idade e éramos parceiras em muitas brincadeiras.
Durante o dia, apanhávamos flores para retirar as pétalas e preparar nossa própria coroação. Juntávamos tudo em pratinhos esmaltados de branco e ficávamos esperando a noite chegar. Sob a luz de lampiões e lamparinas, entrávamos na cozinha, vestidas com roupas longas emprestadas por minha tia, na maior cantoria. Repetíamos isso várias vezes por noite. Cada vez, uma colocava a coroa. Nossa santa ficava parada, imóvel com as mãos postas para poder enfiar a palma. Era ninguém menos que meu tio Antônio, um verdadeiro santo.
Quando Carlos Romero me convidou para ser redator do livro sobre os 50 anos da ETE, deixou comigo a fita que contém a última entrevista de Dom Vaz. Uma preciosidade. Um dos fatos narrados pelo saudoso padre me impressionou muito. Ele conta que, décadas atrás, uma linda garotinha santa-ritense sonhava coroar Nossa Senhora. A menina brincava na calçada de sua casa, no centro de Santa Rita, quando um automóvel dirigido por estudante a atropelou. Padre Vaz ajudou a socorrer a garota, que não sobreviveu. Ele conta que o promotor Luiz Rennó Mendes foi ao hospital consolar o pai da menina, Juca Mendes, prometendo que a justiça seria feita. Mas o pai surpreendeu a todos: pediu a Doutor Luiz que não fizesse a família do estudante sofrer como a sua. E acompanhou a missa de corpo presente ao lado do jovem motorista, sem demonstrar mágoa alguma.
ResponderExcluirJonas, eu participei dessa triste história que você contou acima. Estava brincando de pique-esconde com a Maria Cristina quando ela foi atropelada.
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