terça-feira, 20 de outubro de 2009

Primeira professora


Existem pessoas que surgem em nossas vidas várias vezes como para confirmar o quanto serão importantes para nós. Quando estão quase se apagando de nossa memória, ressurgem e reavivam lembranças guardadas numa gaveta que tem escrito pelo lado de fora “Pessoas Inesquecíveis”.
Uma dessas pessoas é sempre nossa primeira professora. A minha foi dona Darlene Vono, tinha uma paciência de Jó e um amor infindo pela educação. Brincava de pique com os alunos na hora do recreio e o que eu achava mais lindo – tocava acordeão (na minha terra, acordeom). Ensaiou quatro alunas (Lelé, Maria Rita, Maria Vitória e eu) para uma coreografia com a música Bigorrilho. Lembro-me até hoje: saia vermelha, blusa branca e lenço também vermelho nos cabelos. Sou capaz de dançar, agora um tanto desajeitadamente, alguns passos da coreografia. Foi um sucesso santa-ritense (ou santarritense?). Viramos arroz-doce de festa. Apresentávamos em todas as solenidades, de homenagem a padres até formaturas.
No aniversário dela, levei um vidro de esmalte, do rosa mais lindo que existia. Coitada, certamente pensou que era uma jóia, aquele embrulho tão pequeno. Que pena que não conservei o quebra-cabeça com cenas da Branca de Neve que ganhei dela no final do ano.
Quando estava no terceiro ano do ginasial (sétima série), ela surge novamente em minha vida. Agora, como professora de Francês. Entre fricotes e biquinhos (mon nom c´est Nidia, Je suis brasilienne) aprendi a gostar de aprender outras línguas.
Vou estudar na Escola Técnica de Eletrônica e outra vez, aparece a Darlene. Professora de Língua Portuguesa durante todo o curso. Depois, quando comecei a lecionar na ETE, se tornou minha colega de trabalho.
Faz algum tempo que não a vejo e tenho saudades.
Acho que estamos sempre juntas, mesmo quando separadas.


(Lelé, Maria Rita, Maria Vitória e eu)

Bigorrilho é um coco da autoria de Paquito, Romeu Gentil e Sebastião Gomes, composto em 1963, inspirado remotamente no lundu "Isto é bom" de Xisto Bahia, e no samba "O Malhador", de Pixinguinha, o qual já havia usado o tema folclórico "Trepa, Antônio, siri tá no pau". Foi gravado originalmente por Jorge Veiga, e regravado por vários outros artistas, entre eles, Renato e Seus Blue Caps, Jair Rodrigues e Lulu Santos.

Bigorrilho

Lá em casa tinha um bigorrilho
Bigorrilho fazia mingau
Bigorrilho foi quem me ensinou
A tirar o cavaco do pau.
Trepa Antônio
O siri tá no pau
Eu também sei tirar o cavaco do pau.
Dona Dadá, Dona Didi
Seu marido entrou aí
Ele tem que sair,
ele tem que sair.

4 comentários:

  1. Nídia querida, Darlene também teve participação em minha vida, como colega de profissão.
    Lúcida nos julgamentos, competente no ensinar, amiga que confiou no meu trabalho de educadora. Com ela e, por sua insistência, orientei turmas iniciais de alfabetização com grande amor...mais que isso...paixão.
    Fui feliz nessa aventura.

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  2. Várias marchinhas são atribuídas a Paquito e Romeu Gentil. Uma delas é a famosa "Daqui não saio". Pouco tempo atrás, um amigo sessentão me disse que o autor desta canção mora em Santa Rita. Atravessando problemas familiares, começou a rascunhar: "Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. Onde é que eu vou morar..." Terminada a letra, procurou o músico Zequinha Major para que a melodia fosse criada. Zequinha gostou tanto do resultado que convenceu o amigo a levar a marchinha para a Rádio Nacional, no Rio. Foram tratados com desdém na emissora, mas não deixaram de apresentar a nova música. Ouviram que era tarde para lançá-la no Carnaval daquele ano, que estava próximo. Dias depois, "Daqui não saio", supostamente criada por Paquito e Romeu Gentil, tocava nos rádios de Santa Rita e do resto do Brasi. Foi um dos maiores sucessos do Carnaval de 1950.

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  3. Jonas, eu também já escutei essa história pelo meu pai. Ele até falou o nome da pessoa que fez a música, mas não me lembro.

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  4. Olá Nídia,

    Você provavelmente não se lembrará de mim, pois fui apenas um dos muitos alunos que teve enquanto professora de Laboratório do Primeiro ano da ETE. Eu buscava notícias de SRS na internet, já que moro fora do Brasil há muitos anos, quando me deparei com seu blog “No rastro da memória”. Foi uma agradável surpresa encontrá-lo e um grande prazer lê-lo. Como você, tambei fui aluno da ETE (de 1985 a 1987) e professor na mesma escola de 1988 a 1991 ( também fui coordenador da Projete!), enquanto cursava engenharia no Inatel . Após terminar o curso de Engenharia, fui professor no Inatel , ao mesmo tempo em que trabalhava na Linear, até 1995. No ano seguinte deixei a cidade e o Brasil.

    Estes dez anos de vida em Santa Rita foram muitos marcantes e importantes para mim, pois passei grande parte da minha adolescência e o começo de minha vida adulta na cidade. Mais importante, porém, foram os bons exemplos que tive de muitos professores, como você, que souberam pregar os valores morais, éticos, de trabalho e disciplina. É impossível esquecer a dificuldades de se montar o circuito pisca-pisca com todos os fios em ângulos retos e as soldas perfeitas! Acredite, os princípios fundamentais daquele exercício, de capricho, cuidado, atenção aos detalhes e perfeição seguem comigo até hoje e têm sido de imenso valor em minha pessoal e professional.

    Ao ler seu blog, fiquei particularmente feliz em ler o texto sobre a Professora Darlene, que foi indubitavelmente um dos professores que mais me marcou, principalmente por ensinar tão bem uma das disciplinas não técnicas, em um curso de educação técnica tão forte quanto o da ETE na época. Espero que ela esteja bem e, caso tenha contato com ela, solicito a gentileza de enviar minhas saudações.

    Espero que seu blog continue com sucesso e desejo-lhe felicidades.

    Do seu ex-aluno e agora leitor,

    Gustavo Nader

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