Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
Todos nós temos contato, diariamente, com sites e/ou e-mails contendo textos cuja autoria é atribuída a escritores reconhecidamente famosos. Há .pps com imagens magníficas e palavras lindas, sensíveis e românticas. Sou grata pelo recebimento de mensagens que me fazem pensar e que me alegram o coração. São enviadas por pessoas verdadeiramente amigas. Mas justamente por me fazerem pensar, é que comecei também a pesquisar.
“E a internet – todo mundo sabe – é terra de ninguém.” (Assinaturas conflitantes - http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT435457-1664,00.html). Rapidamente a autoria de um texto muda de dono ou, o que é pior, ganha um “Autor desconhecido” o que desqualifica o verdadeiro autor.
Creio que foi o que fiz quando postei, em 24/01/2010, o poema “Ser mineiro”. Já conhecia o texto, mas não sabia de quem era. Pesquisando na Internet, o encontrei como de Fernando Sabino, Drummond e até de Guimarães Rosa (o que achei um tanto estranho). Entrei então no site http://www.descubraminas.com.br mantido pelo SENAC (entidade considerada séria) e encontrei o referido texto com “Autor anônimo”. Coloquei no blog: (Não sei de quem é o texto. Na Internet achei como Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. Portanto, autor desconhecido.)
Recentemente recebi um .pps chamado Alma de Mineiro de autoria de José Batista de Queiroz onde ele afirma ser de sua autoria o texto “Ser Mineiro”, dando inclusive o número de registro 33702, de 22/03/1985, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. É possível, também, ver o texto e a afirmação no perfil em seu blog (http://jobaque.blogspot.com/). Fiz portanto a correção e tomara que ela seja verdadeira.
Como não vivo sem um pouco de poesia, sempre me intrigou o fato de receber, inúmeros poemas de Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Cecília Meireles, Clarice Lispector e outros escritores que até então, nunca tinha lido. Passei então a não repassá-los antes de pesquisar a verdadeira autoria dos textos em questão.
Quando recebi o poema “Conselhos de um velho apaixonado”, atribuído ao Drummond, me chamou a atenção a seguinte parte:
“Se o 1º e o último pensamento do seu diafor essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.”
Fiquei "intrigada". Será que um ateu convicto agradeceria a Deus o presente enviado ou estaria ele utilizando de um recurso poético? Por via das dúvidas, não o reenviei.
No Dia Internacional de Mulher, recebi o poema “Rifa-se um coração” como sendo da Clarice Lispector. Estranhei porque nunca havia lido um poema dessa autora. Que eu soubesse, ela escrevia prosa até poética, mas poemas?
Trecho:“Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.”
O que mais me chamou a atenção foi o uso da palavra “usuário” (5 vezes em todo o texto), termo notadamente utilizado por pessoas que fazem uso de computador. Até então, eu sabia que Clarice escrevia seus textos com uma máquina de escrever pousado no colo (se é lenda, também não posso afirmar). E onde estava o “mistério”, o “escondido” de Clarice naquele texto? Realmente ele não tinha o estilo da escritora.
Não repassei e depois descobri que o referido texto é de Ricardo Labatt.
Nessas minhas pesquisas acabei descobrindo a Rosangela Aliberti que escreveu vários textos interessantes sobre esse assunto de “donos/não donos”:
Por que ocorrem trocas de autoria? O porquê de tantos textos apócrifos...(http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1154315);Textos no Programa "Mais Você", na Rede Globo BR e Portugal sem erratas até então e algumas observações
(http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/823465);
Falsos Shakespeares que circulam na mídia (http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1078812);
Textos “falsos” atribuídos a Luís Fernando Veríssimo (http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=147039);
Sapos se transformam em príncipes no reino da net (http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=37375);
Onde estão parando o nome dos Autores das “Velhas Árvores”, Bilac? (http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=157922);
TEXTOS FALSOS divulgados na mídia? Consulte a lista a seguir ((http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1115062).
Como sou humana e cometo erros todos os dias, também devo ter colocado palavras erradas em bocas alheias (ou palavras alheias em bocas erradas?). Peço a vocês que comentem, me corrigindo.
A propósito, a frase que dá título a esse texto “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” foi dita por Jesus Cristo e narrada por São Mateus (Cap.22,15-22) e São Marcos (Cap.12,13-17) e que sejamos perdoados pelos erros que, por ignorância, cometemos.
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