O presépio lá de casa
Espero que meu pai tenha montado o presépio lá de casa. Creio que ele esteja fazendo 50 anos neste Natal e foi armado todos esses anos. Acompanhou-nos sempre, nos Natais alegres e também nos mais tristes, quando algum membro da família já não estava mais conosco. Graças a Deus, permanecemos unidos como as peças que eram guardadas juntinhas dentro da caixa a espera do próximo dezembro.
Quando éramos crianças, a tarefa de montar o presépio era nossa, agora ficou por conta do papai, já que cada um tomou seu rumo na vida e não estamos lá para participar do ato que era tão prazeroso para nós.
Todo ano havia o ritual do presépio. Primeiro saíamos em busca de material para fazermos o piso. Com uma faca afiada recolhíamos musgos dos cantos úmidos dos muros e íamos colocando dentro de uma caixa vazia de sapato. Depois partíamos para o pomar da casa da vó Quininha. Das árvores antigas retirávamos a barba-de-pau, um líquen cinzento e ondulado que serviria para cobrirmos o chão da casinha.
Preparávamos o local (quase sempre sobre a grande caixa acústica que ficava na sala), forrando com o papel verde já um tanto amassado. Colocávamos o pedaço de espelho para fazer o lago e escolhíamos onde seria posta a casinha feita com tanto capricho pelo meu pai. Ela era de madeira com o teto de sapé. Depois cobríamos todo o chão com o material colhido anteriormente. Colocávamos as imagens. Tinha um anjinho e também um galo cantando e todo ano ficávamos sem saber quem deveria anunciar data tão importante. Por via das dúvidas, colocávamos ambos sobre o telhado.
Apenas o menino Jesus e os Reis Magos eram reservados para serem colocados na noite de Natal. Algumas vezes esquecíamos onde tínhamos guardados essas peças e era um corre-corre quando chegava a hora do nascimento do menino Deus.
Os Reis Magos eram colocados no começo de um caminho sinuoso feito de areia e todo dia iam andando um pouquinho até que no dia 6 de janeiro (Dia de Reis) chegavam para adorar o menino Jesus.
Até hoje não sei como aquelas estátuas, feitas em gesso, sobreviveram ao toque de tantas mãos infantis. Nada foi quebrado, só a pintura passou por uma restauração feita pela minha irmã Fernanda que hoje participa da ceia na casa do Pai.
Obrigada, papai e mamãe, por todos os Natais que passamos reunidos em família. Obrigada por terem conseguido fazer minhas lembranças serem tão agradáveis.
Lembrei agora do nosso presépio lá na "roça" era assim mesmo. LINDO!!!
ResponderExcluirÉ, minha amiga. Como essas lembranças não se apagam nunca. Li novamente meu texto e me vi fazendo o presépio para a espera do Natal. Que saudade de tempo tão bom, quando tínhamos a pureza do Menino Deus. Beijos.
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