segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Historinhas - O presépio lá de casa

O presépio lá de casa

Espero que meu pai tenha montado o presépio lá de casa. Creio que ele esteja fazendo 50 anos neste Natal e foi armado todos esses anos. Acompanhou-nos sempre, nos Natais alegres e também nos mais tristes, quando algum membro da família já não estava mais conosco. Graças a Deus, permanecemos unidos como as peças que eram guardadas juntinhas dentro da caixa a espera do próximo dezembro.
Quando éramos crianças, a tarefa de montar o presépio era nossa, agora ficou por conta do papai, já que cada um tomou seu rumo na vida e não estamos lá para participar do ato que era tão prazeroso para nós.
Todo ano havia o ritual do presépio. Primeiro saíamos em busca de material para fazermos o piso. Com uma faca afiada recolhíamos musgos dos cantos úmidos dos muros e íamos colocando dentro de uma caixa vazia de sapato. Depois partíamos para o pomar da casa da vó Quininha. Das árvores antigas retirávamos a barba-de-pau, um líquen cinzento e ondulado que serviria para cobrirmos o chão da casinha.
Preparávamos o local (quase sempre sobre a grande caixa acústica que ficava na sala), forrando com o papel verde já um tanto amassado. Colocávamos o pedaço de espelho para fazer o lago e escolhíamos onde seria posta a casinha feita com tanto capricho pelo meu pai. Ela era de madeira com o teto de sapé. Depois cobríamos todo o chão com o material colhido anteriormente. Colocávamos as imagens. Tinha um anjinho e também um galo cantando e todo ano ficávamos sem saber quem deveria anunciar data tão importante. Por via das dúvidas, colocávamos ambos sobre o telhado.
Apenas o menino Jesus e os Reis Magos eram reservados para serem colocados na noite de Natal. Algumas vezes esquecíamos onde tínhamos guardados essas peças e era um corre-corre quando chegava a hora do nascimento do menino Deus.
Os Reis Magos eram colocados no começo de um caminho sinuoso feito de areia e todo dia iam andando um pouquinho até que no dia 6 de janeiro (Dia de Reis) chegavam para adorar o menino Jesus.
Até hoje não sei como aquelas estátuas, feitas em gesso, sobreviveram ao toque de tantas mãos infantis. Nada foi quebrado, só a pintura passou por uma restauração feita pela minha irmã Fernanda que hoje participa da ceia na casa do Pai.
Obrigada, papai e mamãe, por todos os Natais que passamos reunidos em família. Obrigada por terem conseguido fazer minhas lembranças serem tão agradáveis.

2 comentários:

  1. Lembrei agora do nosso presépio lá na "roça" era assim mesmo. LINDO!!!

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  2. É, minha amiga. Como essas lembranças não se apagam nunca. Li novamente meu texto e me vi fazendo o presépio para a espera do Natal. Que saudade de tempo tão bom, quando tínhamos a pureza do Menino Deus. Beijos.

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