Dia D
Na madrugada de 6 de junho de 1944 os integrantes da resistência francesa, com o ouvido colado nos rádios, estavam todos em alerta. A primeira parte da mensagem vinda de Londres já chegara: um trecho de um poema de Paul Verlaine que dizia, “Os longos lamentos dos violinos do outono”. Aguardam ansiosos a segunda parte. E, umas horas depois, ela veio: “ferem meu coração com monótona languidez”. Então desabou um dilúvio. Era o Dia D.
Os chefes das organizações de sabotagem na França haviam recebido aviso para escutar cuidadosamente a BBC nos dias 1º, 2, 15 e 16 de cada mês. Os primeiros versos do poema “Canção de Outono” de Paul Verlaine constituíram o código escolhido. Sua aparição em meio a outras mensagens significaria que o dia da invasão estava próximo. A partir desse momento, a escuta deveria tornar-se permanente. Os três últimos versos indicariam que o desembarque aconteceria dentro de 48 horas.
Nos dias 1º, 2 e 3 de junho de 1944, os três primeiros versos foram ao ar: “Les sanglots longs des violons de l’autonne”
Na data de 5 de junho, às 21h15, deu-se a audição dos últimos versos, repetida às 21h20, 22h e 22h15, marcando a excitação crescente de quem as recebeu. Era a segunda parte da mensagem, anunciando imediata invasão: “Blessent mon coeur d’une languer monotone”. A BBC, às 21h00 do mesmo dia 5 de Junho, transmite outras duas senhas, também indicativas que a “Operação Overlord” tinha começado: “As cenouras estão cozidas” e “Os dados estão lançados”.
Ao ouvir a tão aguardada senha, através da Rádio BBC de Londres, milhares de militantes dos exércitos de Resistência, na Europa, especialmente na França, imediatamente puseram em ação os planos de apoio às tropas aliadas.
Exércitos que não existiam, mensagens cifradas e até generais inventados são os elementos pouco lembrados, mas que muito contribuíram para o êxito do exército aliado no desembarque na Normandia, no qual conseguiram enganar os alemães sobre o local e a data escolhida para a operação.
A mensagem também indicava aos grupos de resistentes franceses que eles deveriam estar dispostos a explodir uma ponte, sabotar as centrais telefônicas ou derrubar árvores para bloquear estradas.
Os alemães sabiam que os versos de "Canção de Outono" significavam um desembarque iminente, mas a grande pergunta era: onde?
Ajudados por seus 47 agentes duplos, os serviços secretos britânicos (MI5) multiplicaram as pistas falsas nos meses precedentes ao dia D para convencer os inimigos de que o desembarque aconteceria, mas sem nunca mencionar as praias da Normandia. Dois noruegueses que trabalhavam para os britânicos juraram que haviam visto um exército de 250 mil homens na Escócia prestes a invadir a Noruega.
Wulf Schmidt, outro agente duplo, garantiu que um grande exército estava preparado no sul da Inglaterra para desembarcar em "Pas-de-Calais". Schmidt transmitiu mais de mil mensagens aos alemães e os convenceu a respeito da existência de um exército imaginário, chamado 'First US Army Group' (FUSAG), que estaria preparado para atacar a partir do sul da Inglaterra.
Vôos de reconhecimento da aviação alemã confirmaram suas informações: em terra havia tanques, caminhões, navios, pistas de aviação e tropas. No ar, o deslocamento era impressionante, mas no solo, a realidade era bem diferente. O FUSAG, que em teoria tinha 11 divisões, era composto por soldados de madeira, barcos e aviões do mesmo material, metralhadoras com balas de borrachas e tanques infláveis: tudo era 100% falso e obra do audaz coronel John Henry Bevan, dos serviços secretos britânicos.
Os depósitos e diques petroleiros haviam sido criados por um arquiteto e um técnico de cinema e, preocupados com todos os detalhes, os britânicos prepararam caçarolas que soltavam fumaça falsa no acampamento. Além disso, soldados veteranos simulavam manobras e durante a noite um automóvel deixava no chão as marcas das rodas de todo tipo de veículos.
O FUSAG era tão crível que mesmo depois de 6 de junho, Adolf Hitler continuava convencido de que o dia D na Normandia havia sido o prelúdio de um verdadeiro desembarque, que aconteceria em "Pas-de-Calais, onde o grosso de suas tropas continuava esperando.
Os aliados não se contentaram em manter segredo sobre o lugar do desembarque, mas também semearam a dúvida a respeito da data. Por isso, um lugar-tenente britânico que se parecia muito com o general Bernard Montgomery foi treinado para saudar e falar como ele. Doze dias antes do dia D, ele saiu de Londres e seguiu para Argel, via Gibraltar.
Para os alemães, a presença de Montgomery no norte da África descartava a possibilidade de desembarque imediato na região da mancha. Com tramas deste tipo, o coronel Bevan e sua equipe transformaram o desembarque da Normandia em uma verdadeira operação de desinformação, digna de um bom filme de espiões.
A invasão que estava planeada para dia 5, mas adiada para dia 6 devido às condições meteorológicas.
Centenas de soldados norte-americanos desembarcaram na Normandia para o reforço maciço do contra-ataque Aliado na II Guerra Mundial, neste dia que ficou conhecido como "dia D".
Num céu coberto por aviões de todos os tipos, milhares de navios transportando mais de 200 mil homens das tropas aliadas desembarcaram naquela manhã nas praias da Normandia para por fim ao nazismo que então dominava boa parte da Europa.
Quando o atormentado poeta francês Verlaine exprimiu seu estado d’alma nesse melancólico verso – “Os longos lamentos dos violinos de outono ferem meu coração
com monótona languidez”- jamais poderia supor que estava montando a chave de partida para uma das mais audaciosas epopéias da História, um episódio de extrema importância, que ajudaria a selar o destino da Segunda Guerra Mundial.
(Fonte: Textos da Internet)
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