segunda-feira, 13 de junho de 2011

Minas são muitas - Andrelândia

“Minas são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.” (Guimarães Rosa)

Andrelândia

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação (Foto do Miguel)

Região: Sul
Padroeira: Nossa Senhora do Porto
Festa da Padroeira: 15 de Agosto

Localização

História

A colonização da região foi conseqüência da exploração de ouro. As descobertas das minas de ouro na região de Airuoca e São João del-Rei, foram de fundamental importância para o posterior surgimento do então arraial do Turvo. Sendo que as terras minerais eram muito disputadas, muitos dos aventureiros recém-chegados se dirigiam à procura do ouro em locais mais afastados dos tradicionais centros mineradores, e aí, exauridos os veios ou malograda a empresa, os homens se fixavam à terra, cuidando das plantações e da pecuária.
Foi exatamente assim o início do povoamento da atual Cidade de Andrelândia.
Próximo à Serra dos Dois Irmãos, na divisa com o atual município de Madre de Deus de Minas, instalou-se em princípios do século XVIII o Sargento-Mór Lourenço Correa Sardinha, nascido em 1685, um dos mais antigos habitantes da região, proveniente da Ilha da Madeira.
Por volta de 1740, o afluxo populacional em nossa região aumentou consideravelmente. Muitos eram os que demarcavam uma extensão de terras devolutas e se fixavam, cuidando mais tarde da legalização da posse através da concessão de carta de sesmaria, que era dada pelo Governador da Capitania.
No ano de 1749, quando a região do Turvo já se encontrava intensamente povoada, com numerosos fazendeiros estabelecidos, surgiu a idéia de se construir uma capela. Até então, para receberem os sacramentos da Igreja, aqueles pioneiros tinham que percorrer uma grande distância, por caminhos péssimos, até a capela de mais fácil acesso que era a de São Miguel de Cajurú, filial da Matriz de Nossa Senhora do Pilar da Vila de São João del-Rei.
O pedido de autorização para construção da capela foi feito por André da Silveira dirigido ao primeiro bispo de Mariana. Afinal, com data de 4 de janeiro de 1752, Dom Frei Manoel da Cruz assinou a provisão, pela qual atendia o pedido de “André da Silveira e mais moradores da paragem chamada Turvo Grande e Pequeno”, concedendo licença para que “possam erigir a capela de Nossa Senhora do Porto na Paragem chamada Turvo”. Para patrimônio da capela foi feita doação de terreno por Manoel Caetano da Costa e sua mulher, dona Inácia de Jesus. E, em1755, o Pe. Francisco de Cerqueira Campos benzeu a capela. Por resolução régia de 27 de setembro de 1758, foi a capela elevada a curato, filial da matriz de Airuoca.
Ao redor da capela, formou-se lentamente o povoado que foi crescendo e, por decreto da Regência, de 14 de julho de 1832, foi elevado a freguesia.
A nova freguesia passou a atrair elementos de fora e, entre esses, Antonio Belfort de Arantes. Fixou-se ele no Turno, em 1834.
Em 1864, foi a freguesia elevada à categoria de vila, mas, de acordo com a legislação em vigor, só poderia o novo município ser instalado se o povo construísse, a sua custa, o prédio da cadeia e câmara. A subscrição popular atingiu a 13 contos de réis; mas a construção totalizou despesa superior a 40 contos de réis, importância realmente avultada para a época. Antônio Belfort de Arantes e seu filho, Antônio Belfort Ribeiro de Arantes (mais tarde, Barão de Arantes), completaram a quantia necessária.
O município, com a denominação de Vila Bela do Turvo, foi instalado em 1866. Em 1868, Vila Bela do Turvo foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Turvo.
Finalmente, em 1930, deu-lhe a atual denominação de Andrelândia, em homenagem ao fundador do povoado.

Datas Históricas

1832 - Criado o distrito com a denominação de Nossa Senhora do Porto do Turvo.
1864 - Elevado à categoria de vila com a denominação de Vila Bela do Turvo.
1868 - Elevado à condição de cidade com a denominação de Turvo.
1870 - O município do Turvo voltou a denominar-se Porto do Turvo.
1891 - O município de Porto do Turvo voltou a denominar-se Turvo.
1930 - O município de Turvo passou a denominar-se Andrelândia.

O município

Andrelândia é um município do estado de Minas Gerais. Ocupa uma área de 1.005,28 km² e sua população, em 2010, foi contada em 12 173 habitantes.
Atualmente o município vem se destacando em seu turismo. Muitos de seus casarões construídos nos séculos XVII e XVIII viraram patrimônio histórico da cidade. Muitas de suas praças e igrejas também conservam o estilo barroco da época do desbravamento da região. O conjunto arquitetônico colonial de Andrelândia é significativo, embora já tenha sofrido perdas muito importantes. Em suas antigas construções se destacam as igrejas e capelas.
A Igreja de Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação é em estilo barroco. No ano de 1890, foi realizada a primeira mudança na arquitetura da igreja. Até aquele ano, ela era desprovida de torre.
Além disso, Andrelândia também vem desenvolvendo seu turismo rural. As principais atrações são as fazendas antigas, muitas do Século XVIII.
Ameixa branca e preta, damasco, maçã, sapoti, uva, entre outros produtos de suas lavouras, o município de Andrelândia vive também da colheita de arroz, batata-doce, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho. A atividade pecuária também representa grande força em sua economia. A cidade é conhecida por sua variada qualidade de queijos - inclusive do tipo gruyere -, doces e, especialmente, pelo tradicional cultivo de frutas finas : figo, uva, maçã, damasco, pêra, pêssego, ameixa e castanhas diversas. Destaca-se também pela existência de um sítio arqueológico com pinturas rupestres de mais de três mil anos.
Durante a Semana Santa, Andrelândia recebe visitantes de todo o Sudeste, atraídos pela tradicional procissão com imagens da época colonial e pela encenação da "Paixão e Morte", quando atores do município representam em praça pública o martírio de Cristo
Andrelândia faz parte de um trecho importante da Estrada Real, mas ainda pouco pesquisado e explorado turisticamente, que se denominava Caminho do Comércio ou Caminho do Rio Preto, uma variante que foi aberta por volta do ano de 1813 para facilitar o trânsito de comerciantes e tropeiros entre São João del-Rei e o Rio de Janeiro. Essa rota, que partia do Caminho Novo em trecho compreendido entre os atuais municípios de Pati o Alferes e Paraíba do Sul, rumava em direção a Valença em terras fluminenses, depois seguia pelos antigos arraiais mineiros de Rio Preto, Bom Jardim, Turvo (atual Andrelândia), Madre de Deus, Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno e, finalmente, chegava à Vila de São João del-Rei. O Caminho do Comércio é uma importantíssima variante da Estrada Real e ao seu longo existe um número enorme e variado de atrativos culturais e paisagísticos, além de vários locais para a prática do chamado ecoturismo. Há belas cachoeiras, tanques de criação de trutas, a arquitetura colonial, os sítios arqueológicos, os doces e o queijo típicos e a cachaça de qualidade produzidos na região.

"Veados" e "Caranguejos"

Na história política do município, se destacaram dois partidos locais: "Veados" e "Caranguejos" A rivalidade política entre eles em Andrelândia já ultrapassou um século de existência e mantém-se viva no espírito da maioria dos andrelandenses. Suas origens estão intimamente relacionadas com dois grandes vultos da história: Coronel José Bonifácio de Azevedo por um lado e Visconde de Arantes por outro.
Visconde de Arantes foi por muito tempo o chefe absoluto e incontestável do Turvo, contando com a totalidade de seu eleitorado. Em 1887 surgiram os primeiros rebeldes e a primeira subtração em seus votos. Em 1890 apareceram contra o Visconde centenas de votos, a segunda e mais significativa subtração. Em 1894 os adeptos do PRT superaram em número os adeptos do Partido do Visconde. A traição diz que um dos maiorais da facção do Visconde, inconformado com esta derrota, fez em público a seguinte observação: "Não é possível nossos votos terem diminuído tanto! Andamos para trás! Parecemos Caranguejos!". Este fato foi glosado com humor nos jornais da época. Por outro lado, os membros do PRT comemoravam euforicamente a votação maciça que conseguiram obter. Um verdadeiro pulo, como dá o veado quando está sendo perseguido. Em 1889 José Bonifácio de Azevedo, João Zuquim de Figueiredo Neves e José Ribeiro Salgado, três dos maiorais do PRT, fundaram na Fazenda Bahia, município do Turvo, a segunda fábrica de manteiga do Brasil, que intitulou-se "Fábrica de Manteiga Veado - Azevedo & Cia.", fato que veio alicerçar a alcunha dos adeptos do partido do Coronel José Bonifácio.
Ainda hoje, embora existam no município inúmeros partidos políticos,nas eleições municipais eles formam irredutivelmente dois blocos: o dos "veados" e o dos "caranguejos", que se rivalizam de maneira implacável.
(Fontes: http://www.angelfire.com/, http://www.andrelandia.mg.gov.br, http://www.andrelandia.net/, IBGE, ALMG)

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