Agora é tarde, Inês é morta
Que a expressão significa alguma coisa como tarde demais ou algo parecido, isso toda gente sabe. Um prazo vencido, uma oportunidade perdida, algum acontecimento irreversível, e lá vem alguém e diz: “Agora Inês é morta” ou “Agora é tarde, Inês é morta”.
A expressão “Agora é tarde, Inês é morta”, é aplicada nos casos em que a solução do problema só aparece quando o desenlace já aconteceu, tem muito a ver com a frase célebre de Camões ao se referir a Inês de Castro: “a que depois de morta foi rainha”.
Portugal. Meados do séc. XIV. D. Afonso IV é o soberano que comanda o país. Tempos de crise. Primeiro uma guerra civil, depois uma guerra com a Espanha, por fim, os dois países de unem contra os mouros e conseguem a vitória.
Inês de Castro. Dama da corte portuguesa nascida em Castela. Jovem loura de olhos verdes. Prometida aos 14 anos para o herdeiro do trono de Portugal, D. Pedro, é dispensada por ser considerada “fraca” e trocada por Constança, uma princesa espanhola.
D. Pedro então, após os primeiros anos de casamento, começa a olhar com outros olhos para a prima, precisamente a linda Inês de Castro, agora já casada, e ambos começam uma relação pecaminosa perante a igreja. Além das inúmeras desculpas para se manter fora de casa para se encontrar com Inês, D. Pedro ainda convida a amante para ser madrinha de seu primogênito e assim justificar os encontros tão comuns.
O rei Afonso IV, pai de Pedro, insatisfeito com aquela situação, mandou que a recolhessem a um castelo na fronteira com a Espanha, onde a dama continuou a receber notícias do amante. Em 1345 Constança morreu durante o parto do terceiro filho, D. Fernando, o único que sobreviveria, e então o príncipe, contra as ordens do pai, chamou Inês de volta e a instalou em sua casa, onde viveram maritalmente e tiveram quatro filhos.
Mas o rei Afonso conhecia a ambição dos parentes de Inês, e por isso começou a alarmar-se com o crescente poderio da família Castro. Esse fato, mais as intrigas que fervilhavam em todo o reino, fizeram o rei decidir matar Inês e seus filhos, entregando a Álvaro Gonçalves, Pêro Coelho e Diogo Lopes Pacheco, seus conselheiros, a responsabilidade pela execução. Enquanto Pedro está fora, Inês de Castro foi trazida do interior, onde se encontrava, e num julgamento sumário foi condenada à morte e ali mesmo, no palácio, foi degolada.
Ao tomar conhecimento do crime o príncipe reuniu seus homens e foi atrás dos assassinos, mas sua mãe o fez assinar com o pai um tratado de aliança que impediu momentaneamente a execução da vingança desejada.
Com a morte de D. Afonso IV, Dom Pedro, seu filho e príncipe herdeiro, foi coroado, iniciando sua vingança. Mandou executar todos os participantes do cruel julgamento. Dois deles tiveram os corações extraídos do peito — um pela frente e o outro pelas costas. Em seguida, ordenou que fossem trazidos os restos mortais de Inês de Castro para o palácio. Assentada no trono, todos os cortesãos foram obrigados a desfilar perante ela para o beija-mão. E isso, depois de Inês de Castro ter sido coroada rainha.
Mas a coroação já não fazia mais sentido, pois agora Inês já estava morta. A coroa chegou atrasada.
Os túmulos de Inês e D. Pedro, magníficas obras de arte tumular do século XIV, não estão dispostos tradicionalmente lado a lado, mas um de frente pro outro formando uma linha horizontal. Os corpos também estão dispostos de forma que fiquem pé com pé. Segundo D. Pedro, no dia que eles se encontrassem para juntos subirem ao paraíso, se olhariam nos olhos.
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