O Sapucaí na região do Carmo
O Rio Sapucaí foi descoberto pelo sertanista João Pereira Botafogo, entre os municípios de Paraguaçu e Carmo do Rio Claro. O rio serviu nos séculos XVII e XVIII de rota para as inúmeras bandeiras, que partiam da capitania de São Paulo e Rio de Janeiro em busca de tesouros para a corte portuguesa.
Em 1.737 o Ouvidor de São João Del Rei, Cipriano José da Rocha, realizou uma expedição para desbravar o Rio Sapucaí, ficou satisfeito com a descoberta, mandou explorar a cabeceira. Fundamentados na mineração, nasceram os primeiros núcleos de povoamento no vale.
Suas águas volumosas e seus vales férteis continuam atraindo aventureiros.
Outras cidades foram surgindo, porque o rio é fonte de vida.
O sul de Minas já conheceu sua hidrovia no século passado. As balsas impelidas por grandes varas, deslizavam pelo rio Sapucaí, carregando mercadorias e passagem. Essas balsas presas em cabo e roldanas transportavam pessoas, animais, veículos de uma margem para outra. Em 1.892 surgem os barcos a vapor. O primeiro a descer as águas do Sapucaí, chamava-se Guapi.
Em 1.910 surgiu A navegação fluvial do Sapucaí, subsidiada pelo Estado, a empresa possuía horários regulares. O vapor alojava 20 passageiros. Os porões eram destinados às cargas, conforme encomenda. Eles eram projetados com cabines para passageiros, dormitórios, cozinha, posto do piloto e sanitário. Era anunciada a sua chegada nos Portos por um apito estridente.
Os vapores do Sapucaí eram famosos, lembravam os do Mississipi, nos Estados Unidos, porém menores: Guapi, Wenceslau Braz, Julio Bueno, navegavam no percurso do Porto Cubatão, localizado entre Cordislândia e Paraguaçu, Porto Volta Grande (Careaçú) até o porto do Sapucaí (Santa Rita do Sapucaí).
As últimas viagens do vapor Wenceslaubráz datam de 1.933, quando as caldeiras foram apagadas.
Mesmo com a extinção da Navegação Fluvial do Sapucaí, outro trecho do rio, de Fama até Carmo do Rio Claro continuou navegável até a década 40. Somente no município de Paraguaçu, devido às corredeiras e cachoeiras, não era possível navegar.
O vapor responsável por esse percurso era semelhante ao Wenceslau Brás, diferenciando apenas por conter batelão, canoa anexa, destinada a carregar lenha e carga. Na parte de baixo havia uma sala de seis metros quadrados com mesas e bancos fixos e um sanitário. A mesa era guarnecida por anteparos para os pratos e talheres não escorregarem. O piloto ficava à frente num lugar mais elevado, acima das máquinas. O acesso á cabine do piloto era feito através da escada, na parte externa. A tripulação era composta de um piloto e um ajudante, que faziam às vezes de cozinheiro.
Em seu livro Sertão das Mandibóias, Oscar Ferreira Prado, de Paraguaçu, lembra os passeios no vapor como uma das melhores fases da infância.
Certa vez em viagem para Paraguaçu, o cozinheiro saltou para a margem e embrenhou-se numa roça de milho, retornou com varias espigas, foi uma festa.
A viagem se iniciava em Fama e passava pelos portos: Amoras, cabo verde, Barranco Alto, Azevedo, Correnteza, Águas Verdes, Prado leite, Ponte, Tromba e finalizava no Porto Carrito, município de Carmo do Rio Claro.
Carlos Lisboa Prado, de Paraguaçu lembra da existência de três vapores que passavam por Fama, perto da fazenda onde ele nasceu. um era do tipo de rebocador chamava-se Urano e puxava as barcas, outro Francisco Feio, transportava mercadorias e passageiros. Por último São Cristóvão destinava apenas a passageiros, o mais bonito de todos. A navegação do Rio Sapucaí foi responsável pelo desenvolvimento da região.
Hoje só restam lembranças de alguns poucos românticos que viajaram pelas águas do Sapucaí. (Fontes: Livro “O caminho das águas”. Livro “Quadro de saudades - Celeste N. Ferreira)”.
Emídio Marinho Filho – Carmo do Rio Claro/MG
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