Paulistana de nascimento e de coração…
… e mineira, mineiríssima, de alma.
Não sei se todo mineiro tem esse carinho por Minas, ou se só mesmo quem, assim como eu, foi criada no Estado, tem família no Estado, mesmo pertencendo a outro lugar, de nascença.
Pra dizer a verdade, não sei se existem muitas pessoas apaixonadas pelo lugar onde nasceram ou cresceram. Eu amo São Paulo, e não pretendo sair daqui. Mas tenho um carinho imenso por Minas.
Minas transpira poesia: no falar de seu povo, na particularidade da língua, nos quitutes, nos costumes.
Mineiro adora receber visita. E a visita não pode sair de barriga vazia: tem sempre um café preto e umas quitandas à espreita. Lembrando que quitanda, em Minas, tem sinônimo de quitute: broa de fubá, bolo, pão de queijo…
Mineiro adora jogar conversa fora ao redor da mesa da cozinha, que chega a ser mais acolhedora que a sala de visitas.
E a comida típica mineira? Não existe melhor no mundo! Frango ao molho pardo, canjiquinha, costelinha com couve, angu, feijão tropeiro, rabada…
E foi exatamente daí que me brotou esse cheiro saudoso de Minas: consegui comprar, finalmente, o primeiro volume da Coleção Cozinha Regional Brasileira da Abril. Foi o volume mais relançado da coleção até agora e, mesmo assim, nunca encontrava-o na banca. Não estou fazendo a coleção inteira, só a de alguns Estados mais queridos (MG, SP e os do Sul).
Dentre todos os livrinhos que já tenho, o de Minas é o mais poético: o capítulo de quitandas está lá, minhas comidas preferidas também, uma parte da história está lá. E tem início com uma gostosa introdução de Frei Betto :
“Comida Mineira: trem danado de bão
Filho de Maria Stella Libanio Christo, autora do clássico Fogão de Lenha – 300 anos de cozinha mineira, sinto-me com muito apetite para apresentar a culinária mineira.
Minas é um estado de espírito que se conhece pelo paladar. Basta levar à mesa, em qualquer lugar do mundo, o Mexidão da Beth Beltrão; a Carne Moída Atrás do Muro do Cantídio Lana; ou o Ioiô-com-IaIá de dona Lucinha. Acrescentem-se: prosa solta, um gole de cachaça ou licor de jabuticaba; e o profundo sentimento de fraternura. É em torno da mesa que o mineiro congrega a família, reúne amigos, celebra a vida. Em Minas, a mesa é o verdadeiro altar, onde se partilham tristezas e alegrias, nostalgias e sonhos, na conversa tão espichada quanto ladainha de igreja. Salivam-se saudades deixadas no paladar. O coração transborda no jeito mineiro de conversar: as frases são sinuosas e delicadas como as curvas das montanhas.
A culinária mineira deita raízes na variedade da cozinha indígena, nos queijos e toucinhos vindos de Portugal, na criatividade do voraz apetite dos escravos das minas de ouro e diamante. Mineiro, quando se alimenta, se acalenta.“
Frei Betto
Ê trem bão!
(Fonte: http://dialetica.org/cafemineiro/ em 21/10/2009)
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