Sintomática, a abertura do livro faz-se com uma vírgula. Entendida como demonstração da dificuldade que Clarice teve em agarrar a narração, após penosos meses de escrita infrutífera, tem o efeito de tornar o leitor um invasor, que cai no meio da história, sem preparação, sem coordenadas, obrigado a saltar em andamento.
Uma aprendizagem tem por plano de fundo o relacionamento entre Lóri e Ulisses, em que ela está apaixonada por ele, mas este atrasa a evolução do relacionamento para que possam aprender previamente - a amar, a ultrapassar a ausência e o silêncio.
Como em todas as obras de Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres é um ponto de vista feminino a respeito da vida. Lóri, na verdade, é a personagem central, enquanto Ulisses ocupa um papel secundário, mero referencial para os pensamentos e atitudes de Lóri. O livro conta, acima de tudo, a viagem empreendida por Lóri em busca de si própria e do prazer sem culpa. Uma viagem na qual Ulisses funciona como um farol, indicando onde estão os perigos e o caminho correto para a aprendizagem do amor e da vida.
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