Minas é um dos estados que menos consome livros
Pesquisa do Ibope indica que mineiros gastam menos com livros que fluminenses, paulistas e amazonenses. Belo-horizontino perde feio para moradores de Senador José Bento e de Luisburgo.
Cada brasileiro gasta, em média, apenas R$ 30 por ano com livros. Performance de Minas é comparada à de estados nordestinos.
Minas Gerais é um dos estados que menos consomem livros no Brasil, revela pesquisa do Ibope Inteligência. De acordo com o diretor de Geonegócios do instituto, Antônio Carlos Ruótolo, os números mostram que o estado está “mais alinhado com o Nordeste que com o Sudeste” em termos de leitura.
A pesquisa indicou que cada pessoa gasta R$ 14,40/ano com livros em Minas Gerais. A média brasileira é R$ 30/ano. A diferença fica ainda mais gritante quando o estado é comparado ao Rio de Janeiro. Anualmente, os fluminenses, campeões no Brasil, gastam R$ 67,03 com livros. A enquete foi feita de agosto de 2009 a janeiro deste ano e ouviu 19.456 pessoas em todos os estados do país.
“Catorze reais? Achei que era isso por mês!”, reagiu a administradora Ana Luisa Almeida ao ficar sabendo dos números do Ibope. Ela passou parte de seu domingo em uma livraria na capital mineira e destina R$ 300 aos livros por ano.
Em Belo Horizonte, o gasto médio da população com o produto é de R$ 25,32/ano, abaixo da média nacional. A capital fluminense vem em primeiro lugar: anualmente, cariocas destinam R$ 95,60 aos livros. Em seguida vêm os paulistanos (R$ 67,31) e os brasilienses (R$ 61,32).
Edésio de Souza, gerente da Livraria Leitura do Pátio Savassi, na Zona Sul da capital mineira, estranhou o resultado da enquete. De acordo com ele, sua loja vende R$ 400 mil em livros mensalmente. A unidade do BH Shopping supera esse valor. “Talvez o Ibope tenha feito a pesquisa no Vale do Jequitinhonha”, especula Souza. Entretanto, a enquete abrange toda a Minas Gerais. O estado, anualmente, gasta R$ 244,8 milhões com livros, informa o Ibope.
“O poder aquisitivo mineiro é menor”, observa Ernelson Alves Ribeiro, um dos funcionários da Leitura. “Os livros custam o mesmo que em São Paulo, mas o salário daqui é mais baixo. Por isso os mineiros compram menos”, especula ele.
A pesquisa do Ibope trouxe surpresas, além do baixo consumo de livros por parte dos mineiros. O Amazonas, por exemplo, está em quarto lugar no ranking: seus habitantes gastam R$ 39,55 por ano com o produto. No estado de São Paulo são adquiridos 38% dos livros do país. Em termos de gastos, paulistas ficaram em terceiro lugar (com R$ 47/ano), atrás do Rio de Janeiro (R$ 67,03/ano) e do Distrito Federal (R$ 61/ano).
Entre os cinco estados que menos gastam, o Piauí aparece em primeiro lugar. Seus habitantes desembolsam R$ 7,89 por ano com livros. Em seguida vêm Alagoas (R$ 8,65) e Sergipe (R$ 9,09). Pernambuco e Roraima quase empatam na quarta posição, com R$ 12,76 e R$ 12,92, respectivamente.
Senador José Bento brilhou
A pesquisa do Ibope mostrou que, em Minas Gerais, a população de pequenas cidades gasta mais que belo-horizontinos na hora de comprar livro. Senador José Bento, município sul-mineiro, tem 3 mil habitantes e lidera o ranking das aquisições no estado.
Os senabentenses não contam com emissora de rádio ou jornal próprio, a escola local oferece até o ensino médio, mas o cidadão do município destina R$ 34,38/ano aos livros. “Fico muito feliz em saber disso”, afirma Marileia Fernandes, secretária de Educação de Senador José Bento.
Entre os municípios que deixam os belo-horizontinos para trás estão Comendador Gomes (R$ 33,73/ano), Gonçalves (R$ 33,28), Luisburgo (R$ 29,43) e Pedra Bonita (R$ 28,72). Curiosamente, todas essas cidades têm menos de 7 mil habitantes e suas escolas oferecem até o nível médio.
Há municípios mineiros que apresentam gastos extremamente baixos com o produto. Juvenília tem pouco mais de 6 mil habitantes; cada um deles destina, em média, R$ 3,92 a livros por ano. Curral de Dentro, Padre Carvalho, Fronteira dos Vales e Divisa Alegre integram a lista das cidades que menos compram o produto no estado.
O Ibope credita o baixo gasto com livros em Minas Gerais à demanda reprimida. “Com exceção de algumas poucas regiões, Minas tem muitas cidades pequenas, que não contam com livrarias. A pessoa tem interesse de comprar, mas não pode. É um problema de distribuição”, afirma Antônio Carlos Ruótolo, diretor de Geonegócios do instituto. Curiosamente, o município de Senador José Bento, que lidera a lista dos melhores compradores, não tem livraria.
EM NÚMEROS
BRASIL : R$ 30/ano/por pessoa
ESTADOS
Rio de Janeiro : R$ 67,03/ano/por pessoa
Distrito Federal : R$ 61 /ano/por pessoa
São Paulo : R$ 47/ano/por pessoa
Amazonas : R$ 39,55/ano/por pessoa
Minas Gerais : R$ 14,40/ano/por pessoa
CAPITAIS
Rio de Janeiro : R$ 95,60/ano/por pessoa
São Paulo : R$ 67,31/ano/por pessoa
Belo Horizonte : R$ 25,32/ano/por pessoa
EM MINAS
Senador José Bento : R$ 34,38/ano/por pessoa
Comendador Gomes : R$ 33,73/ano/por pessoa
Gonçalves : R$ 33,28/ano/por pessoa
Luisburgo : R$ 29,43/ano/por pessoa
Belo Horizonte : R$ 25,32/ano/por pessoa
(Fonte: Flávia Denise de Magalhães - Portal Uai em 17/08/2010)
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