O modernista Oswald de Andrade também produziu uma paródia do poema de Gonçalves Dias em seu "Canto de Regresso à Pátria".
Canto de Regresso à Pátria
Minha terra tem Palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra.
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo.
(Oswald de Andrade)
Como precursor do antropofagismo, que significa “comer o que vem de fora, desfazendo-se do que é de fora e incorporando elementos nacionais”, Oswald critica a forma ufanista de Gonçalves Dias ao valorizar os elementos nacionais. No “Canto de regresso à pátria”, Oswald, por trás do humor e da sátira, ainda mantém o caráter nacionalista na poesia, mas sob um olhar crítico.
O poema foi publicado em 1925 e faz uma revisão crítica, tanto da produção literária anterior como da história do Brasil, ao usar Palmares no lugar de palmeiras. Não há a pátria idealizada, perfeita, mas uma pátria com problemas sociais e raciais.
Oswald, urbano e cosmopolita, não fala nem mesmo no sabiá. Mas mesmo com o teor crítico existente no poema, o autor declara o seu amor a São Paulo ao regressar do “exílio de férias” à Europa.
Os passarinhos que aparecem no terceiro verso da primeira estrofe somos nós, o povo brasileiro, com o seu canto próprio, o seu jeito de ser, de sentir e de falar.
É a independência política e cultural pregada pelo movimento modernista.
O maior valor das "Canções do Exílio" está no fato de que nelas há sempre uma essência brasileira expressa na saudade e no amor incondicional ao país.
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